Jisatsu no Otoko to Fumetsu no Baka:
O Homem Suicida e a Eterna Idiota.
- Parte Quatro -
— Himura, não tem graça... — eu
falei com uma voz amedrontada à medida que íamos mais a fundo na casa escura,
segurando apenas uma lanterna que insistia em piscar.
O
vento passou por uma janela, deixando ecoar aquele som fantasmagórico. Isso fez
com que minha espinha se arrepiasse. Ademais, eu me abaixei e agarrei minha
cabeça rezando para magicamente sair daquele lugar.
E
foi então que...
—
Kekekekeke! — eu ouvi um som medonho vindo atrás de mim. Em circunstâncias
assim, havia apenas uma coisa que um homem poderia fazer.
—
Uaaaaah! — eu saí correndo como uma gazela assustada, rodando em círculos por
um tempo antes de achar um bom esconderijo dentro de um dos cômodos.
— Hahaha!
— eu ouvi uma risada infantil vinda do corredor em que eu estava segundos
atrás, então tirei cautelosamente a cabeça do esconderijo para dar uma espiada.
Lá
estava ele, rindo enquanto apontava para mim, e segurando uma máscara tribal
assustadora.
Aquele
garoto era Kurogami Himura. Meu irmão gêmeo.
Ele
sempre fazia coisas desse tipo. Me levava para lugares que eu normalmente não
iria, me assustava, me fazia pregar peças nos outros... Não que eu não me
divertisse com isso. Na verdade, eu o invejava. Ele era confiante, criativo e
extrovertido. Eu, por outro lado, sempre fui muito tímido e reservado. Mas,
mesmo assim, ele sempre estendia a mão para mim.
Porém,
tudo mudou naquele dia.
. . .
—
Himura! — eu estendi a minha mão desesperadamente, tentando alcança-lo. Mas não
era o suficiente. Eu era muito pequeno, e ele já estava muito longe.
Naquele
dia, Himura decidiu que brincaríamos de escalar. Havia uma árvore num parque
próximo que sempre escalávamos, mas sempre parávamos nos primeiros galhos. Daquela
vez, porém, eu havia apontado um ninho num dos galhos mais altos.
—
Vamos lá ver, Kano! — Himura ficou animado no momento em que eu apontei o
ninho, começando a escalar para alcança-lo. No entanto, o vento estava forte
naquela manhã de verão.
Bastou
apenas um movimento em falso para que acontecesse.
Eu
me odiei. Se eu apenas não tivesse apontado aquele ninho, não tivesse feito meu
irmão subir naquela árvore...
Se
eu apenas... Tivesse ido no lugar dele...
Desde
então, sem ter quem segurasse a minha mão para me incentivar, eu tenho me
trancado. Foi assim que eu me tornei o homem patético que sou hoje. Talvez a
razão de eu realmente ser levado por aí por essa garota é por que eu ainda sou
a mesma criança que era antigamente, sempre sendo arrastado pelo meu irmão.
Mas
eu estou morto para a sociedade. Eu já morri há muito tempo.
Então
por que... Essas memórias continuam a me perseguir?
- Parte Quatro -
- Memórias de um Verão Perdido. -
- Memórias de um Verão Perdido. -
- Parte Cinco -
Eventualmente,
a noite chegou.
—
Hoje foi muito divertido! — a garota disse por alto, enquanto marchava tentando
imitar um soldado. Que estúpido.
—
Se você diz... — eu não dei muita importância, apenas caminhando com as mãos
nos bolsos.
A
garota continuou caminhando na minha frente, colocando um pé a frente do outro
com cuidado, tentando se equilibrar no limite da calçada.
De
alguma forma, eu acabei me tornando responsável por ela... Que dia cansativo...
Cuidar de crianças é realmente problemático, por isso eu não quero ter filhos.
Minhas pernas doíam tanto que cada passo parecia uma tortura.
Um
pensamento ocorreu na minha mente enquanto eu observava o nublado céu noturno.
—
Ah, é verdade... Onde você vai dormir? — eu olhei para a garota, que devolveu o
olhar com um sorriso malicioso.
. . .
Eu realmente tinha que perguntar...
—
Boa noite! — a garotinha falou com um largo sorriso no rosto e se cobriu com o
edredom azul escuro.
—
Por que na minha cama!? — eu berrei, sentindo-me totalmente invadido.
A
respiração constante da garota e sua falta de reação me indicavam apenas uma
coisa. Ela havia dormido. Eu me aproximei dela e fiz cócegas na sua orelha com
o dedo.
Nenhuma
reação.
—
Incrível, ela dormiu instantaneamente... — eu olhei para minhas mãos, tremendo,
como se tivesse feito uma incrível descoberta. — Eu devo ter poderes mágicos
ocultos que me permitiram usar um feitiço do sono... Eu sempre soube! — eu
estava a ponto de me convencer daquilo, até que percebi a idiotice das minhas
palavras e suspirei, desistindo até mesmo de pensar.
Eu fui
até a cadeira na frente do computador e me sentei. Como costumo fazer, inclinei
o recosto um pouco para trás e apoiei as pernas em cima da bancada, observando
a escuridão do teto.
Eu
me pergunto qual foi a visão que meu irmão teve enquanto caía. Ver o céu ficar
cada vez mais distante, ver minha mão inutilmente tentando alcança-lo...
Aquela
garota está realmente bem comigo? Ou talvez eu esteja apenas sendo negativo de
novo?
Eu
fechei os olhos, tentando afastar de mim os pensamentos sombrios que me cercavam.
- Parte Cinco -
- Luz Escura de uma Noite Sem Estrelas. -
- Luz Escura de uma Noite Sem Estrelas. -
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