Oi pessoal! Depois de um tempo sem postar, aqui está a décima parte de Chiharu.
Fiquem ligados, por queprovavelmente em breve o pessoal do blog vai aparecer com uns projetos muito legais, que com certeza vão agradar a todos.
Por enquanto, vamos ler mais um pouco, e não esqueçam de comentar!
Fiquem ligados, por que
Por enquanto, vamos ler mais um pouco, e não esqueçam de comentar!
Chiharu
Capítulo 10
. . .
O garoto e a garota que agora o acompanhava
estão fazendo algo lá fora. Por algum motivo o garoto parou de chamar o meu
nome. Se é que aquele era mesmo o meu nome de verdade.
Será
que ele realmente vai conseguir me salvar?
Quanto
tempo isso vai levar? Horas? Dias? Anos?
E
quando conseguir, será que será tarde demais?
. . .
Eu
sorri. Com aquela pontuação e aquele tempo, eu definitivamente assegurei minha
posição como o melhor neste jogo. Eu passei o controle para a pequena morena
totalmente seguro de que não importa o que ela fizesse agora, ela não ia me
superar.
Osakura
segurava o cronômetro, agora correndo com o tempo da garota. Estávamos jogando
Mega Lario Land, minha arma secreta. Yuragi também estava jogando agora a
pouco, mas...
— Sim... É
como eu disse, não tem nada de errado.
Ela
falava no telefone com alguém que não parecia conhecer muito bem. Akakyo não
parecia estar prestando atenção no jogo. Seu olhar estava fixo na irmã. Ele
está preocupado por algum motivo? A visão era bem contrastante com a pequena
garota, que, com um olhar determinado, apertava os botões rapidamente no
controle. Eu espiei a tela rapidamente... Não que eu esteja preocupado em ser
derrotado, mas... Ela realmente estava pegando o jeito da coisa.
— Não.
Um
"não" seco saiu da boca da garota. Ao invés de não se conhecerem
muito bem, parecia agora que o tom ríspido indicava uma relação não muito
amigável.
— Eu disse que
não!
Ela
explodiu, e agora até mesmo Osakura olhou para ela. O rosto dela estava
vermelho, e pela primeira vez eu senti que ela estava para chorar. Akakyo quase
levantou pra ir até ela, mas se conteve.
— Quem você
pensa que é? Você não pode nos dar ordens desse jeito!
Uma
voz feminina também pareceu explodir do outro lado da linha, de forma que
pudemos ouvir baixinho o que ela dizia.
— Quem eu penso
que eu sou? Eu sou sua mãe!
Yuragi
paralisou. As palavras deram um grande choque nela, de forma que ela quase
largou o telefone. Fazendo um esforço incrível para não deixar lágrimas
escorrerem, ela se encolheu e abaixou o rosto. Até eu fiquei preocupado. A
única que pareceu não notar o que estava acontecendo foi Hanabi, totalmente
focada.
— Vá pro
inferno!
Ela
bateu o telefone com força na base, mas acabou errando, fazendo um barulho
estrondoso e deixando o aparato pendurado pelo fio. Em seguida ela correu como
uma flecha em direção ao quarto.
Eu
olhei para Akakyo, querendo saber o que ele faria. Seu rosto preocupado tomou
uma expressão angustiada, amargurada... Parece que ele estava relembrando
coisas que não gostaria... Ele se levantou e pegou o telefone.
— Yuragi?
Yuragi!?
A
mulher chamava insistentemente pelo nome da garota, mas foi surpreendida pela
voz masculina que falou.
— Alô... Mãe?
É... Eu falo com ela. Sim. Tudo bem. Tchau.
Essa
também não parecia a melhor relação de mãe e filho, mas a voz havia se
acalmado. Akakyo lançou um olhar pra mim ao desligar o telefone. Primeiro eu
achei que ele queria que eu fosse com ele falar com Yuragi, mas ele voltou e se
sentou ao meu lado.
— Tudo bem?
— Sim...
Eu
sei que é mentira.
— Não é melhor
falar com ela?
— Não, ela não
vai abrir de qualquer jeito. Deixe ela sozinha um tempo.
— Ok...
— And... Stop!
A
garota gritou e Osakura apertou o cronômetro. Eu virei o rosto o mais depressa
que pude para a tela.
— Impossível!
Ela
conseguiu concluir o terceiro mundo em apenas alguns minutos? Mas como isso é
possível? Ela achou algum atalho que eu não conheço?
— O que você
fez? Como você...
—
Não-vou-te-con-tar!
Ela
falou enquanto mexia o dedo convencidamente. Osakura sorriu.
— É, pelo visto
você vai levar um tempo pra bater esse.
Eu
olhei acusadoramente para a garota mais uma vez, que agora sorriu e mostrou um
sinal de V com as mãos. Maldita.
Akakyo
se aproximou e se sentou do lado de Yuujimura. Com um sorriso bobo, ele
estendeu a mão para a garota.
— Posso
tentar?
— Sim!
Ela
sorriu alegre e deu o controle para ele. Como sempre fazemos, voltamos para o
início do primeiro mundo e então iniciamos o cronômetro. Apesar de estar se
empenhando para aprender, eu e Kai pudemos notar o quanto a feição e Akakyo se
tornava mais aflita à medida que o tempo passava. Nós olhamos um para o outro,
sem ideia do que fazer.
. . .
Não
vimos mais Yuragi naquele dia. Ela apenas continuou trancada em seu quarto.
Apesar disso, ela veio hoje para a escola como se nada tivesse acontecido. Nos
vimos no intervalo rapidamente, então eu ainda não tive a oportunidade de
perguntar a ela o que aconteceu... Não, mesmo que eu tivesse, acho que eu não
iria perguntar. Ela não me parece o tipo de pessoa que se abre dessa forma com
os outros...
De
qualquer forma, o sinal tocou e a aula acabou. No entanto, diferente das outras
vezes, o professor pigarreou para dar um comunicado.
— Ahem. Vou
entregar agora o resultado das provas de vocês.
É
verdade... Já estamos quase chegando no fim do segundo trimestre... Eu cheguei
depois das férias de verão, então acabei pulando a primeira etapa toda... E de
alguma forma passei nos exames de admissão... Mas...
Eu
estou tão ferrado...
Mesmo
tendo estudado um pouco mais - e apenas um pouco -, minhas notas continuavam
vindo vermelhas uma atrás da outra. Acabei usando meu tempo livre mais para
vadiar por aí e com as atividades da banda recém criada do que pra me dedicar
aos estudos...
E
o resultado foi esse...
Que
vergonha...
Corando
completamente, eu guardei a prova de forma apressada e fiz uma postura digna.
Não como se alguém estivesse prestando atenção em mim, de qualquer forma. Eu me
levantei e saí da sala, como sempre.
Cruzando
os corredores com os quais já estou habituado, eu cheguei na sala do clube.
Graças a Nana, hoje é um dos meus dias livres. Com mais aquela bomba que
recebi, eu devia estar usando isso para estudar, mas... Acho que vou tentar não
pensar nisso por enquanto.
— E então? O
que vamos fazer hoje?
— Advinha só,
Makoto? A pirralha aqui conseguiu uma vaga pra nós no festival cultural!
Kaioshi
agarrou a garota pelo pescoço e fez um cafuné nela. Claramente, ela não estava
gostando, e estava tentando se soltar enquanto gemia... Não, pior, ela estava
começando a ficar roxa. No entanto, a ideia de participar pela primeira vez de
um festival cultural estava me deixando excitado.
— Isso é
sério?
— Sim! Pelo
visto a nanica tem seus contatos!
Hanabi
finalmente conseguiu escapar e recuou dois passos para recuperar o fôlego.
— A...
Verdade... É q-que...
Ela
continuou arfando e penou para conseguir falar tudo numa sequência.
— O festival
desse ano vai acontecer um pouco tarde, então vamos fazer a conclusão do
trimestre no mesmo dia do festival... Por causa que a maioria dos festivais já
passou o pessoal da escola acabou perdendo o entusiasmo e então estavam
pensando em desistir... Mas agora que temos atração musical podemos fazer uma
festa animada de novo!
— Então nós é
que vamos ter que animar tudo? Haha, parece que estamos sendo um pouco
pressionados...
— No fim das
contas, não vai ser você quem vai estar no palco. Pra você é fácil.
Akakyo
parecia um pouco nervoso com tudo aquilo. A fala dele só provou isso.
— Bom, pode
ser... Mas vocês três vão estar dependendo de nós dois lá em cima, então se
errarmos algo vamos acabar estragando tudo também. Não é tão fácil quanto parece.
— Falando
nisso, o que exatamente vocês vão fazer?
Yuragi,
que não havia dito uma palavra até agora, colocou as mãos na cintura e me
encarou com aquela atitude convencida de sempre. Apesar da cena que vi ontem,
ela parece - ou pelo menos tentou parecer - estar melhor. Mas ainda assim não
consigo tirar aquele rosto corado, frágil e prestes a chorar da minha cabeça.
Por
hora, acho que vou responder normalmente...
— Bom, acho
que podemos ficar com as posições que inventamos na hora pro presidente. Eu posso
cuidar da iluminação e Hanabi fica com o volume dos microfones, dos
instrumentos, e esse tipo de coisa...
Falando
nisso, eu tinha visto isso mais cedo... Ali haviam alguns holofotes em três
cores, vermelho, verde e azul. Os cabos não pareciam estar conectados a lugar
nenhum, por isso não funcionavam. A quantidade de poeira também deixava a
máquina inoperável, pelo menos por enquanto. Então me surgiu a ideia.
— Já sei, por
que não começamos limpando isso aqui?
— Você se
refere à toda a sala?
— Bom, sim...
Podemos acabar achando algo interessante e vamos poder aprender a usar os
painéis depois.
— Fala
sério... Eu já vou ter que ficar pra depois da aula pra limpar a sala amanhã, e
agora isso.
Kaioshi
era quem estava reclamando. Eu decidi ignorar e comecei a tirar a poeira da
superfície dos painéis, sendo seguido pelo resto, num ritmo lento e
desinteressado no começo. Mas com o tempo, o resultado ia ficando satisfatório.
Pegamos alguns produtos de limpeza e usamos eles para deixar o piso e os
equipamentos bem limpos. Alguns instrumentos estavam quebrados ou com peças
faltando, mas a absoluta minoria estava em perfeito estado. Em algum tempo,
acabamos deixando tudo limpo.
Eu
relutei um pouco em ligar os cabos pois na minha cabeça poderiam haver alguns
estalos quando eu fizesse isso. Mas felizmente, nada aconteceu e as luzes
ligaram normalmente. Aquelas 3 luzes eram versões "portáteis" e
menores do que as que eram usadas no palco oficial do colégio. Mas eu poderia
praticar com aquilo. Eu me dirigi até o painel e experimentei mexer em alguns
botões. Eu podia fazer cada luz se mover individualmente para algumas posições
limitadas. Eu também podia desligar algumas e ligar outras. Não foi tão difícil
pegar o jeito, mas conseguir acompanhar a movimentação da banda e de uma música
com isso deve ser bem complicado.
Sentada
ao meu lado, já que aquele painel simples comportava ambos os comandos de luz e
de som, Hanabi começou a mexer nos botões de forma ainda mais aleatória do que
a minha. Enquanto eu queria descobrir o resultado das minhas ações, ela
simplesmente queria ver do que a máquina era capaz... Ou talvez apenas apertar
as coisas. Yuragi, que estava afinando uma guitarra, fez um som alto que me
obrigou a tapar os ouvidos.
Meus
tímpanos!
— Hanabi!
— Ooh, isso é
bem alto!
Ela
pareceu maravilhada, mas diminuiu o volume para os níveis aceitáveis do corpo
humano novamente.
Observando,
percebi que os controles dela podiam mudar por onde o som saia, assim como sua
intensidade. Ela poderia deixar o som de cada instrumento ao seu gosto, também.
Eram bem vastas as possibilidades.
— Muito bem,
vamos tentar assim...
Posicionamos
os botões de um jeito que uma combinação de som e luz foi lançada quanto a
banda começou a tocar. Eu movia as luzes no meu próprio tempo, ainda pegando o
jeito da coisa. O resultado não foi tão apresentável. Os volumes foram
irregulares e as luzes atrasadas, sem falar que a banda não tinha tanto
entrosamento assim. Mas com o tempo podemos corrigir isso.
Eu
espero.
. . .
Continuamos
praticando até o momento em que eu tive que ir embora. Apesar do clima ainda
meio esquisito, o ensaio, se é que podemos chamar aquilo de ensaio, foi
bastante produtivo. Acho que o entrosamento, a capacidade de entender uns aos
outros mesmo sem dizer uma palavra seria a chave do sucesso daqui pra frente.
Com a cabeça cheia desses pensamentos, eu cheguei em casa.
A
visão e o cheiro agradável dos quais eu estava começando a me habituar me
invadiram. Nana estava com um avental rosa, cozinhando o que pareciam ser...
Hambúrgueres!? Eu fui quase que correndo até a cozinha, atraído pelo aroma
delicioso.
— Esse cheiro
está ótimo! Com o que você temperou essa coisa?
— Ah, Makoto,
você chegou? Ah, bom, não usei nada demais...
Ela
deu aquele sorriso sereno de sempre, dessa vez com um toque de vergonha pelo
elogio. A verdade é que Nana é uma garota muito bonita... É também gentil,
carinhosa e cozinha bem... Pensando nisso, que tipo de defeitos ela tem? Talvez
um deles seja o mesmo que um meu, ela acaba pensando demais nos outros e não se
cuida o suficiente... O que me leva a pensar, será que ela tem um namorado?
Imagino que eu, o amigo de infância inútil dela, seja um privilegiado por tê-la
para cuidar de mim, mas ela teria alguém pra cuidar dela também?
Eu
continuei a olha-la enquanto mexia nas carnes arredondadas. Então abri meus
lábios.
— Nana, você
tem namorado?
— Hã? N-não,
eu não tenho, por que?
Ela
ficou surpresa e depois um pouco assustada com o que eu havia acabado de
perguntar. Não posso deixar essa oportunidade escapar...
— Então
case-se comigo.
— Claro que
não!
Claro
que não... Tudo bem que a resposta seria negativa, mas você não precisava ser
tão veemente...
— Eu só queria
garantir meus hambúrgueres pros próximos anos...
— Então é
melhor você aprender como fazê-los.
Ih,
Makoto... Esse tipo de reação brava, para os padrões de Nana, só pode
significar uma coisa. Ela provavelmente está...
Eu
me afastei de fininho, tentando proteger minha própria vida e evitar maiores
problemas. No entanto, um papel mal colocado na minha pasta acabou caindo no
chão, virado para cima. Eu e Nana olhamos, por reflexo.
Droga.
Droga, droga, droga.
Antes
que eu pudesse fazer algo, ela se abaixou e levou o papel para perto do rosto
para se certificar de que estava lendo certo. Então ela lançou para mim um
olhar acusador, assustador e quase assassino.
— O que
significa isso?
— Ah, bom... É
que... Bem...
Eu
apenas consegui dizer essas palavras inúteis em minha defesa. A garota
abandonou completamente os hambúrgueres e bateu com a espátula metálica que
tinha na mão direita no a outra mão, me encarando.
— Makoto...
Um
frio me percorreu a espinha e me fez arrepiar... Eu corri pela minha vida na
direção do quarto de Shizuka, onde, ao entrar subitamente, diminuí o passo e
dei um sorriso mal disfarçado.
Ai!
Alguma
coisa me atingiu com força na cabeça. Quando eu me virei, me deparei com a
loira enraivecida atrás de mim. Meu coração apertou, sabendo que os preciosos
hambúrgueres estavam sofrendo e queimando naquele momento na cozinha.
— Você precisa
se dedicar aos estudos!
— Eu sei...
— Vai ficar
sem jantar hoje.
— Como é?
— Vai ficar
sem jantar hoje!
Mas
o que... Depois de todos esses anos, eu voltei a ter uma mãe de novo?
— Até
parece...
— Makoto...
Ela
deu um olhar significativo pra mim. Droga, ela está falando sério...
Shizuka
sorriu sem graça, como sempre. Eu nem a cumprimentei, mas qualquer um teria
entendido minha situação no momento em que batesse os olhos naquilo.
E
o pior de tudo...
É
que eu estou morrendo de fome.
. . .
No
fim das contas, ela foi realmente embora e eu não pude comer nada que ela
cozinhou. Como os hambúrgueres queimaram, ela acabou fazendo uma macarronada
improvisada, mas que tinha uma aparência divina... Deprimentemente, acho que
vou chegar em casa e esquentar um pouco de macarrão instantâneo para sobreviver
à noite...
No
caminho fui pensando nas coisas que aconteceram nas últimas semanas. Fiquei
muito mais próximo de todos depois que montamos a Rakuen... O incidente com
Hanabi também serviu para entrosar a banda, apesar de todos os pontos ruins...
Falando nisso, como será que estão a mamãe cadela e seus filhotes? Eu acabei
indo naquele prédio mais uma ou duas vezes depois daquilo, mas não pude ver os
cãezinhos por alguma razão que não entendi. Aquela moça de cabelos verdes
também não estava no local, então não foi nada simples.
Além
disso, fiquei perdido em pensamentos mais simplórios mas não menos importantes,
como, por exemplo, o que faria sobre minha derrota para Hanabi, dentro do meu
próprio território.
Não
demorou muito para que eu chegasse. Fui dizer a Shizuka que estava em casa,
depois, indo direto até a cozinha, eu abri o armário em busca do meu alimento,
mas o telefone da casa tocou. Quem será a essa hora? Eu atendi.
— Alô?
— Makoto? Aqui
é Akakyo. Ei, você tem um minuto?
— Bom, sim...
O que foi?
— Ah, bom, na
verdade... Eu preciso de um pouco mais do que um minuto. Pode ir até minha
casa?
Eu
olhei para fora. Já está escuro...
— Não sei se é
uma boa ideia sair sozinho assim de noite... Ainda não me recuperei totalmente
daquele último incidente.
No
entanto...
A
campainha tocou. E advinha só quem era?
— Timing perfeito.
— Você não vai
realmente me dar oportunidade de dizer não, não é?
— Bom...
Ele
coçou a cabeça. Era mais do que o suficiente para admitir. Eu suspirei e fui me
despedir de Shizuka. Logo, partimos juntos em direção até a casa dele.
— E então, por
que você me chamou?
— É que na verdade
eu preciso de ajuda com algo.
— Que tipo de
algo?
— Ah, bom...
Você vai ver.
Ele
está sendo evasivo... Mas o que diabos poderia ser isso?
. . .
— Fala sério.
No
quintal, estávamos eu, Akakyo e o avô dele, vestido com um pano amarrado na
cabeça. Ali encostados haviam 2 machados e alguns troncos de árvores pequenos.
Eu liguei uma coisa à outra.
— Bom, falo
sério.
Akakyo
sorriu descontraído, mas minha cara continuou fechada.
— Por que você
quer que eu corte essas madeiras?
— Não se
preocupe, eu vou ajudar. É que, bem...
O
avô dos Nekogami deu um passo a frente e pigarreou para explicar.
— Um asilo
aqui perto depende de doações para seu sustento. Como o inverno está chegando,
pensei que eles poderiam usar alguma lenha para acender as lareiras. No
entanto, parece que este tamanho é maior do que a lareira que eles tem, então
precisamos corta-los.
Eu
olhei pro velho maldito. Você diz precisamos mas na verdade quer dizer vocês
precisam, não é? Mas se for por uma causa assim, e se não for demorar muito...
Não é tanta lenha assim, afinal.
— Se dermos
sorte, algumas das doutoras do asilo podem vir cuidar de mim... Hohohoho.
Ah,
claro. Então era isso.
Akakyo
sorriu para tentar me convencer que era apenas uma brincadeira, embora eu
esteja sinceramente incrédulo sobre isso. De qualquer forma, eu peguei um
machado e posicionei uma tora de madeira em cima de um tronco maior. Quanto
mais rápidos acabarmos com isso, melhor. Eu segurei o machado firmemente acima
da cabeça e imaginei o arco do golpe na minha mente.
Agora!
O
machado partiu como um trovão na direção do tronco, dividindo-o em dois pedaços
que voaram para lados opostos.
— Oh!
Salva
de palmas.
Akakyo
e o avô dele estavam aplaudindo, provavelmente impressionados.
— Bom golpe.
— Sim,
incrível, rapaz. Continue com o bom trabalho.
A
figura grisalha fez um sinal de legal que me pareceu bem irônico e foi embora.
Sobramos apenas eu e o ruivo ali, que pegou seu machado e começou a me
acompanhar no corte da madeira. Em alguns minutos, tínhamos duplicado a
quantidade de toras de madeira, mas diminuído seus tamanhos pela metade.
Ensopados, nós sentamos um pouco na grama e respiramos fundo.
— Finalmente
acabou...
— Sim...
Eu
olhei para Akakyo, que tinha, por sua vez, seu olhar fixo na pilha de madeira
logo na frente. Eu olhei para trás. O avô dele não parecia estar nos
observando. Em seguida, mudei o olhar para a direção do quarto de Yuragi.
— Como ela
está?
— Hã?
Nekogami
levou alguns segundos para entender do que se tratava. Então, com um estalo,
ele respondeu.
— Ah, sim...
Ainda abalada. Recebemos outra ligação daquelas hoje, na verdade.
— Entendi...
— Bom, não que
sua ajuda com a madeira não tenha sido valiosa, mas...
Eu
olhei para ele, tentando decifrar o que ele iria dizer a seguir, mas sem nenhum
sucesso.
— A verdade é
que tem outro motivo pelo qual eu te chamei aqui.
— Outro motivo?
— Sim...
O
ruivo assentiu e olhou também na direção do quarto da irmã. A expressão dele
mudou, como se ele tentasse decidir naquela mesma hora se faria ou não aquilo.
Com um olhar decidido, ele se virou na minha direção.
— A
verdade é que... Makoto, eu preciso te pedir algo.
. . .
Chiharu - 10
Um pedido na noite.
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