A Valquíria Zero - Capítulo III - Caminhos e Problemas

 

Olá, pessoal! 

Venho hoje trazer mais um capítulo de "A Valquíria Zero"! Demorou um pouco (como sempre) pra sair, mas estou tentando postar mais frequentemente. Vamos ver no que isso vai dar.

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É isso aí! Boa leitura, pessoal!

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CAPÍTULO III


A Fonte de Urd. O local onde as águas dos destinos se movem, traçando cada passo de todo ser vivo. Às margens das águas, as Nornas viviam, controlando, lendo, e revelando, o destino.

Cada tremulação criada na superfície da Fonte de Urd era suficiente para até mesmo, destruir incontáveis vidas, seja de forma sutil ou não. Era para essas mesmas ondas que Zero fixava seu olhar, na esperança de entender a sentença que as Nornas haviam lhe dado anteriormente.

Você irá morrer, jovem valquíria.

Essas palavras ecoavam na mente da valquíria, e embora as mesmas aterrorizavam até mesmo os mais poderosos deuses, Zero nem ao menos se surpreendeu.

–– Já era esperada tal falta de reação. –– Skuld disse, com seu olhar fixado no horizonte.

–– Mesmo assim, continuo surpresa. –– Verdani comentou, com o olhar sobre a valquíria. –– Todos os seres que possuem o dom da vida temem perde-la. Entretanto, você nos olha com indiferença, e isso é intrigante.

Zero permaneceu em silêncio, apenas ouvindo as Nornas atenciosamente. Apesar de ser extremamente rebelde em campo, durante assuntos em que demandava seriedade, a jovem valquíria mostrava-se uma diplomata perfeita. Sabia ouvir, sabia falar, e o mais importante, resolvia conflitos, mesmo aqueles em que as coisas não iam do jeito que deveria.

–– Vocês são as Nornas. Já viram isso antes, talvez não exatamente dessa forma, mas viram. –– Zero pronunciou, fitando a Norna Urd. –– O tempo é cíclico, os eventos repetem-se, embora não da mesma forma. Essas águas são as ondas do tempo, e a cada escolha, uma tremulação acontece. –– A valquíria continuou, dessa vez, olhando em direção a Verdani. –– E é por isso que os eventos nunca são exatamente iguais. Entretanto, escolhas não deveriam influenciar na minha indiferença, não estou certa?

–– Verdani está apenas tentando criar confusões em sua cabeça, Zero. –– Urd revelou. –– E vejo que você não caiu em suas artimanhas, muito bem, parece que alguém andou estudando.

Zero apenas deu um leve sorriso, nada mais que isso.

–– Os galhos da Yggdrasil são perigosos, valquíria. Você irá passar por perigos inimagináveis.

–– Sei disso, e simplesmente não me importo, Skuld. –– Zero deu uma resposta seca.
 
–– Pois deveria. –– Verdani retrucou. –– Até mesmo Odin precisa tomar cuidado ao cavalgar entre mundos. Não seja tão convencida, Zero.

Zero pôs-se de pé. Tal gesto fez com que Verdani parasse seu sermão.

–– Estou preparada, Verdani, não se preocupe. Não há nada em minha jornada que possa me ferir.

A Norna do presente manteve-se em silencio, olhar fixo em Zero. Era visível a sua frustração, já que era a primeira vez que seus avisos eram ignorados, ou diminuídos daquela forma.

Zero ajeitou Dainsleif em sua cintura, e preparou-se para ir embora.

–– Vá em paz, jovem valquíria, e que Odin a proteja. –– As Nornas, todas as três, se levantaram, e acenaram para Zero.

–– Como se o Lorde Odin pudesse me ajudar... –– Zero murmurou, enquanto se distanciava da fonte do destino...

****


–– Olha quem resolveu aparecer!

–– Salve, Heimdall[1]! -–- Zero seguiu em direção ao homem que acabara de cumprimentar.

O homem era velho o suficiente para ter diversas rugas. Sua barba ia até o peito, e aparentava estar molhada de cerveja. Heimdall vestia uma armadura simples e um capacete de couro. Em suas costas, carregava um escudo redondo de madeira, e em sua cintura, um cinto com uma espada do lado direito, e uma corneta no lado esquerdo.

–– O que a minha valquíria preferida está fazendo por aqui, na minha humilde Bifrost[2]? –– Heimdall ajustou seu cinto e abraçou a jovem valquíria. –– Indo para mais um recrutamento em Midgard[3]?

Zero meneou com a cabeça. –– Não, estou indo para Helheim[4].

Heimdall arregalou os olhos. Mal sabia por onde começar. Helheim era um lugar terrível, mas isso era o de menos. O caminho até lá era ainda mais perigoso, e extremamente traiçoeiro.

–– Ora, ora... parece que você tem o dom para se meter em coisas perigosas... –– Heimdall disse, enquanto dava tapinhas no ombro direito da valquíria. –– Talvez seja interessante tu esperar um pouco antes de seguir viagem.

–– É mesmo, e por quê?

A expressão do Heimdall tornou-se sombria. O assunto parecia ser extremamente delicado.

–– Melhor entrarmos, não gosto de conversas na Bifrost...

Heimdall fez um gesto para que Zero o seguisse. A valquíria apenas concordou, sem nem perguntar. Ela sabia que quando Heimdall convidava para entrar no seu forte, algo ruim estava para acontecer.

Himinbjörg era a moradia de Heimdall, e era de onde ele exercia seu trabalho. Passava dias e noites inteiras, observando a ponte de arco-íris, Bifrost, à espera de ameaças. Muitos em Asgard o chamam de o “Guardião Vigilante”.

Heimdall não era a primeira defesa de Asgard apenas por capricho. Sua visão é tão aguçada, a ponto de que ele pode ver qualquer coisa a quilômetros de distância. Além da sua visão fenomenal, Heimdall possui uma audição poderosa, que lhe permitia ouvir a grama crescer do solo, e a lã crescer nas ovelhas.

O interior da fortaleza de Heimdall era simples. Havia uma mesa de madeira redonda, e duas cadeiras, também de madeira. Uma lamparina estava no parapeito da janela que dava de frente para a ponte arco-íris. Em uma das paredes, haviam algumas prateleiras, cheias de bebidas.

–– Vamos, sente-se. –– O vigilante fez um gesto, incitando Zero a sentar. –– Gostaria de beber algo? Huh, claro que sim! Hahaha!

O guardião pegou dois copos de madeira e despejou cerveja em ambos sem nenhum cuidado. Metade da cerveja estava derramada sobre a mesa.

–– O que lhe preocupa tanto, meu caro Heimdall? –– Deu um gole na cerveja. Gelada. –– Já sei, você viu uma joaninha cair de uma folha e quer que vou lá ajuda-la.
Heimdall esvaziou o copo com apenas um gole, a cerveja escorria por sua barba. –– Bem –– secou a cerveja da barba com o braço. ––, vi isso também, mas já pedi para que Sif[5] o fizesse.

–– Então pare de rodeios e me diga o que há de errado, homem! E me dê mais cerveja!

O vigilante despejou mais cerveja em ambos os copos.

–– Está tudo errado, Zero. Não há como tu ir sozinha para Helheim. A passagem principal foi bloqueada por aqueles malditos Jotuns. Enfrentar um exército deles sozinha é suicídio. –– Heimdall deu mais um gole, esvaziando o copo novamente.

A valquíria, que estava bebendo a cerveja, parou assim que Heimdall deu-lhe as notícias. O copo ainda permanecia em sua boca enquanto ela levantava uma das sobrancelhas. Zero repousou o copo na mesa, e em seguida, seus cotovelos.

–– Então preciso ir por caminhos alternativos... –– Apontou para o vigilante. –– E você vai me falar por onde.

–– Não sei se deveria. Meu dever é proteger os cidadãos de Asgard, não os mandar para missões suicidas.

–– Seu dever é proteger Asgard, não Valhalla. Não sei se tu lembras, mas sou uma valquíria.

–– Valhalla fica em Asgard. –– Heimdall cruzou os braços, feliz com sua resposta rápida.

Zero olhou para o vigilante, e então levou as mãos até a testa.

–– Heimdall, querido. Não estou com paciência para suas respostas engraçadinhas, então me diga logo por onde posso ir para evitar o bloqueio. –– Balançou o copo, exigindo mais cerveja.

–– Certo, certo, não estou afim de perder minha cabeça hoje. –– despejou mais cerveja no copo da valquíria. –– Niflheim[6]. É possível tu atravessar Niflheim para evitar o bloqueio dos Jotuns.

A valquíria começou a gargalhar.

–– Niflheim? Por Odin, o que tu tens na cabeça Heimdall? Seguindo tua lógica, devo evitar um simples bloqueio de Jotuns para me aventurar nas terras deles, onde eles têm vantagem de campo, clima, e um número muito maior de criaturas?

-–- Teoricamente, sim. Entretanto, ouvi Skadi[7] dizer que os caminhos das montanhas estavam tranquilos. –– Suspirou. –– Quero dizer, tranquilo para os padrões de Niflheim e Skadi.

–– Ou seja, encontrarei alguns Jotuns de nível baixo, e alguns draugar pelo caminho. –– Zero disse, balançando a mão com indiferença.

Heimdall riu.

–– Se tiver sorte, minha cara, se tiver sorte. De qualquer forma, já lhe disse tudo que sei em relação a isso. Creio que conseguirás passar mais facilmente por Niflheim.

–– Também espero que sim, Heimdall. Obrigada pela cerveja –– Zero se levantou. ––, e pelos avisos também.

–– Não há de que! Bem, já desperdicei demais seu tempo. –– Heimdall foi até a prateleira e pegou uma garrafa de vinho. –– Toma, leve-a contigo, vais precisar para se aquecer durante as noites frias de Niflheim.

A valquíria pegou a garrafa de vinho e a guardou na sua mochila, já abarrotada de alimentos e afins.

–– Muito obrigada, Heimdall, lhe agradeço do fundo do meu coração. –– Zero pôs a mão no peito e abaixou a cabeça, sinalizando respeito a Heimdall.

–– Ah, largue disso e me dê um abraço! –– Com um movimento brusco, Heimdall agarra a valquíria, apertando-a com força. Aquele era seu modo carinhoso de abraçar. –– Pronto! Vá em paz, Zero.

–– Irei.

E assim, a valquíria se despediu do Guardião Vigilante, e seguiu viagem, rumo a Niflheim, o reino gelado.



[1] Heimdall, segundo a mitologia nórdica, era o Guardião de Asgard. Durante o Ragnarök, ele deve tocar sua corneta e enfrentar o deus Loki.
[2] Bifrost era a ponte arco-íris que conecta Asgard com os outros mundos.
[3] Midgard é o equivalente ao planeta Terra na mitologia nórdica.
[4] Helheim é o reino dos mortos na mitologia nórdica.
[5] Sif é a esposa de Thor. Não há nenhuma indicação relacionada ao que ela representava.
[6] Niflheim é o mundo da névoa, gelo, e escuridão primordiais.
[7] Skadi é uma deusa e gigante da mitologia nórdica. É uma caçadora nata.





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