Sypher: O Retorno do Rei Absoluto - Capítulo 3 - Sua Morte...


Além do capítulo de hoje, quero deixar também minhas desculpas, afinal as postagens estão bem irregulares, porém isso está sendo discutido incessantemente para que possamos montar um calendário com postagens regulares das séries já postadas além de novidades para o site.


Bom, espero que gostem do próximo capítulo! Não esqueçam de deixar suas opiniões nos comentários. Boa leitura!

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Capítulo 03: Sua morte...

Parte 1:

Sim, eu segui o conselho e agora estou frente a frente com a morte. Não, não é a morte em si, mas sim a situação grotesca que causará a morte.

Estava totalmente escuro. Mais escuro que a noite, era como se toda a luz do mundo desaparecesse, não era possível enxergar absolutamente nada. Liguei a lanterna do meu celular e escaneei a área com a mesma. Para minha surpresa, Rydia estava exatamente na minha frente, caída no chão aparentemente com medo.

“Ei, Rydia. Volta para dentro.”

“...? Sy, é você?”

“Claro que sim, ande logo.”

Ela rapidamente se levantou e correu para casa. Parece que a doença ainda não chegou aqui, menos mal. Resolvi dar alguns passos a frente para conferir a estrada e, me impressionei com o que vi.

Uma pessoa, morta.

Ela parecia ter sido atropelada. Pobre pessoa, devia estar andando no meio da rua durante a escuridão... mas se ela foi atropelada quando estava escuro e eu nem ao menos ouvi o som... desde quando está escuro desse jeito? Não essa pessoa não pode ter sido atropelada.

[SWISH]

Ouço algo cortar o vento. Uma pessoa? Não. Ninguém correria tão rápido no escuro. Pelo contrário, andariam engatinhando se possível. Decidi então perguntar.

“Quem está aí?”

[...]

Sem resposta. Por que eu sempre penso que irão me responder? É óbvio que não irão. Rodeei o local com a lanterna novamente. Nenhum sinal de ser vivo.

“Acho que estou meio maluco... vou apenas voltar para dentro e-“

“Eiiii... onde pensa que vai?”

Não pode ser! É a...

“O que você está fazendo aqui?!”

Era a ruiva. Sim, Anne Winston, a ruiva que eu investiguei.

“Eu não falei que o dia ia chegar? Acho que você não acreditou em mim, certo?”

Ela estava diferente. Seus olhos... dos seus olhos escorriam sangue. Era como se ela estivesse chorando lágrimas de sangue. O que está acontecendo?

“Anne é seu nome não é?”

“Hmm, você me investigou né? Hahahaha! Acha que eu sofro de doenças mentais, não é?”

Como ela sabe de tudo isso? Ela por acaso sabia que eu a estava seguindo?

“Não se assuste. Eu não irei lhe fazer mal.”

Ela então começou a se aproximar, dando pequenos e elegantes passos em minha direção. Seu balançar era cativante, seus cabelos vermelhos como sangue flutuavam com o vento. Eu fiquei abobado com a cena.

“C-como você s-“

“Ssshhh...” – Disse ela com o dedo em minha boca.

O que ela quer de mim? Eu não... consigo entender!

“Venha comigo...”

Anne pegou minha mão e começou a me puxar. O que eu tô fazendo?! Indo atrás de uma mulher que exprime lágrimas de sangue? Ela é tipo um zumbi, sei lá! Mas eu não consigo parar de seguí-la, uma força maior me puxa.

De repente, senti algo puxando minha outra mão.

“Señor, podrías me ayudar?”

Uma mulher estrangeira. Acho que ela está falando espanhol...

“Por supuesto.”

Respondi à ela que a ajudaria. Mas não imaginei que nem ao menos teria a chance de fazê-lo. Quando caminhei em direção a mulher estrangeira, a ruiva me parou, e disse.

“Nem pense nisso.”

Ela então foi em direção da espanhola e -!

[CLACK]

[...!]

... ela... quebrou o pescoço da mulher.

“Podemos continuar?”

Eu fiquei em estado de choque. Ela simplesmente... não é possível! Eu tenho que sair daqui!

“Hã... eu tenho que ir pra casa sabe... minha mãe tá me esperando e se eu não for-“

“Relaxe...” – Disse ela bem baixinho.

“O que?”

“Relaxe. Sua mãe já está morta mesmo.”

[-!]

“O que você disse?”

“Você por acaso é surdo?” – respondeu ela – “Sua mãe já está morta”.

[...]

“Ei pára de brincar, beleza? Esse tipo de coisa não se fala.”

Quem eu estou querendo enganar? Essa ruiva... ela matou a espanhola sem nenhuma hesitação, ela poderia ter matado minha mãe facilmente... o que eu faço?! O que eu faço?!

“... o que eu faço? É isso que você está pensando agora, não é? Apenas continue me seguindo, ou você quer ficar igual aquela mulher?”

Irei ter que jogar o jogo dela. Dançarei conforme a música, pelo menos por enquanto. Engoli a saliva retida em minha boca, e disse.

“T-tudo bem...”

Obviamente eu não estou em uma situação onde eu possa discordar. Além disso, uma parte de mim está curiosa para saber para onde ela está me levando.


Parte 2:

A cada passo dado, mais longe da cidade ficávamos. Estávamos indo em direção a parte rural da cidade.

Não consigo dizer para onde estamos indo exatamente devido à total escuridão que está assolando o planeta, o que eu consigo enxergar é o que a lanterna do celular me permite ver.  E por falar em celular, o meu já está com a bateria praticamente zerada. Resolvi fazer uma pergunta para Anne.

“Ei, já-“

“Chegamos.” – Respondeu ela.

Chegamos em cima de uma espécie de penhasco. Com o passar de dedos pelo ar, a ruiva acendeu uma luz que clareou tudo ao nosso redor. Parecia... mágica.

“Daqui de cima podemos ver a cidade inteira.”

Ah claro, ela fala isso como se eu pudesse ver no escuro...

“Ei, hã... Anne. Por que você me trouxe até aqui? O que quer tanto me mostrar? Afinal, quem é você?”

São tantas perguntas, e nenhuma resposta! Eu já não aguento mais isso!

“Você consegue ver a cidade?”

“... sim... na verdade quase nada.”

“Daqui a pouco, você não reconhecerá nem ao menos a sua rua.”

[...?]

Fiquei sem reação, pois não havia entendido o que ela tinha acabado de falar. Ela percebeu minha reação e soltou uma leve risadinha.

“Fufufu... vejo que está confuso, peço apenas que aguarde alguns minutos, o show já vai começar.”

Eu tenho um mal pressentimento sobre isso que ela acabou de dizer. Essa história de “show já vai começar” é algo que nunca acaba bem.

“Você quer saber quem eu sou, certo? Logo você saberá de toda a verdade sobre esse mundo.”

“V-verdade sobre esse mundo?! Eu estou com muito medo de perguntar, mas farei mesmo assim... que verdade?”

De repente uma luz enorme começa a brilhar no céu. Era como o sol, só que seu brilho era dez vezes maior. Quando a luz apareceu, Anne começou a falar.

“Começou. Sinto lhe dizer, mas o mundo como você conhece está chegando ao fim. A partir de hoje, você descobrirá a verdadeira natureza humana.”

“Eu não entendo. Que merda você tá falando!? Me responda agora, sua puta! Eu já não-“

“Ei, ei. Cuidado com o seu linguajar, ou você quer ser morto agora mesmo?”

[...]

“Agora peça-me desculpa.”

Maldita, me fazendo pedir desculpas por algo tão idiota. Eu não fiz nada de errado, ela que está escondendo toda essa merda.
[...]

[TAPA!]

“PEÇA-ME DESCULPAS, OU ARRANCAREI SEUS OLHOS.”

Ela... seus olhos... carregavam todo o ódio do mundo dentro deles...

“...me desculpe, Anne.”

“Muito melhor.”

Essa mulher...

“O que é essa luz?! O que é você?! O que é isso tudo?!”

A ruiva olha para o céu, e diz.

“Acho que ainda tenho algum tempo. Irei responder tudo que quiser.”

Finalmente irei obter alguma resposta!

“Então você quer saber o que esta luz, certo? Bom, essa luz é parte do fenômeno chamado Regressus. Este fenômeno é algo que acontece em todos os planetas criados pelo Deus Absoluto. Mas, o que acontece nele? Como o próprío nome indica, é o retorno da espécie original do planeta, que aqui são denominados de “anjos”. Isso significa que, o Deus Absoluto, criou os seres humanos para trabalhar nesse planeta até que os novos “anjos” estejam preparados para reeinvindicar suas terras.”

Espera um momento! Ela está dizendo que somos meramente escravos para a raça deles? E que toda a raça humana esteve trabalhando apenas para que eles,  a nova geração estivessem maduros o suficiente para vir até aqui?! É isso mesmo?!

“Você está me dizendo que, essa  luz é o fim do mundo?! Dali sairão os “anjos” que irão povoar a Terra? Mas, o que acontecerá com nós, humanos?!”

“Como assim? Isso não é óbvio? Vocês desaparecem. Pelo menos esse era o plano inicial, mas o Mestre disse que se quiserem continuar vivendo aqui, terão de mostrar que são merecedores de tal planeta, ou seja, terão de sobreviver e consequentemente, expulsar a nossa raça daqui.”

“Mas... isso não é possível, certo?! Vocês têm poderes, sei lá, divinos e devem ser milhões de vezes mais poderosos que nós humanos! Como faremos isso?!”

“Isso não é problema meu.”


A ruiva como sempre, dizia apenas palavras vazias e carregadas de ódio. Ela dizia tudo aquilo como se fossem coisas simples de se fazer. Bom, eram simples de fazer... se fôssemos anjos super poderosos.

“Então, supondo que conseguíssemos sobreviver, vocês iriam embora? Para sempre?”

“Exatamente. Para isso vocês terão de provar seu valor.”

Fácil falar, difícil fazer. Essa era a situação atual, e por mais que eu quisesse lutar, eu não sabia nem por onde começar. Eu estava completamente apavorado por dentro, e ainda por cima, preocupado com a Rydia e minha mãe. O que diabos vai ser da gente? Não é possível sobreviver a anjos super poderosos.

“E você, ruiva. Quem é você, exatamente? Suponho que não seja um anjo comum já que está aqui na Terra antes dos outros anjos.”

Exato. Ela deve ser algum anjo super evoluído ou algo assim. Talvez ela seja o braço direito desse tal Deus Absoluto.

“Eu sou a filha direta de Deus. Eu sou a irmã do filho de Deus, que aqui vocês chamam de Jesus.”

O que?! Ela está me falando que Jesus existe também?! Bom, eu não deveria duvidar mais de nada, afinal o mundo está prestes a acabar mesmo.

“Meu irmão, Jesus, veio para a Terra vários anos atrás, como é descrito em vários livros religiosos do seu planeta. Mas, diferente do descrito, Jesus não veio para ajudar, nem muito menos ensinar as pessoas, isso na verdade acabou sendo consequências da sua personalidade tranquila.”

Entendo... Jesus tinha outra missão aqui na Terra... Fiquei com um puta medo de perguntar à ela qual era o verdadeiro objetivo de Jesus aqui, mas mesmo assim, perguntei.

“M-mas qual era o real objetivo de Jesus?”

“Ele foi mandado para observar a natureza humana, ou você acha que nós viemos hoje totalmente despreparados? Conhecemos seus hábitos, personalidades e principalmente, sua forma de pensar. Não há escapatória, vocês irão apenas desaparecer aos poucos, até não existirem mais.”

Quem diria, Jesus não é, e nunca foi nosso salvador. Pelo contrário, ajudou a planejar nossa destruição.  Quanto mais ela descrevia nossa derrota, mais furioso eu ficava.

Ela se vangloriava, achava que tudo já estava ganho. Seus olhos brilhavam enquanto descrevia as atrocidades que iriam ser cometidas. Vida, morte, nada importava para ela... era como se ela fosse apenas uma casca recheada de ódio.

A minha vida, e a de todos, está prestes a acabar, e eu como sempre não ajudei em nada. Nem ao menos agora, sozinho com a filha de Deus, eu consigo fazer algo... eu sou realmente patético, ou talvez, sensato em não enfrentar um anjo super poderoso.

[TROVÕES]

“Hã? Já está na hora? Bom, acho que devo voltar.” – Disse ela olhando para o céu negro que carregava a destruição.

“Espera.”

A ruiva, que estava prestes a ir embora, parou e olhou para mim.

“O que foi?”

“Qual foi o motivo para me trazer até aqui e me falar tudo isso?”

“Ordens superiores, literalmente falando.”

Ah, muito obrigado, me ajudou muito... De qualquer forma, não interessa o por quê de ter sido trago até aqui, o importante é que ela não me matou, e o melhor, tenho informações sobre eles.

Na verdade... importa sim! Por que Deus faria sua filha me contar tudo isso? Para que possamos revidar? Para que lutemos, é isso?! Não... não seria algo tão fútil, e simples. Deve ter algo a mais, porém não consigo identificar, pelo menos não agora.

A ruiva então voltou a olhar para o céu, e com suas últimas palavras, disse.

“Aprecie o show.”

Após essa frase, ela desapareceu em meio a escuridão.

Agora eu não tinha ideia de por onde começar, ou o que fazer. Toda minha cabeça estava cheia de pensamentos confusos e de sentimentos ruins. Medo, raiva, e vingança eram as únicas coisas que eu sentia.

“AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHH! MALDITOS! MALDITOS!”

Eu não pude me conter, e berrei enquanto lágrimas escorriam dos meus olhos. Lembrei de sempre reclamar da vida, e agora, quando a vida está prestes a acabar, eu não quero que ela acabe.

Quando falaram para mim que você passa a dar valor para algo quando a perde ou está próximo a perdê-la, eu apenas ignorei.

Mas agora eu sei... eu fui burro! Ignorante! Não dei valor a nada na minha vida inteira. E o pior, nunca dei valor a quem me amou.

Agora, todos devem estar mortos, ou próximos a morte... e eu aqui, sentado nesse campo vazio, onde ninguém irá me achar. Estou sozinho, sempre estive sozinho, e morrerei sozinho...

Humph... é tão engraçado.

[“Sy...”]

De repente eu ouço a  voz de uma garota na minha cabeça...

Sim, era a Rydia. A garota que sempre esteve ao meu lado... mesmo em momentos em que eu não queria, ela estava lá.

Mesmo quando ela me ganhava nos campeonatos, ela continuava tentando me ajudar, e eu, tentava me afastar mais e mais...

Pensando bem, ela sempre esteve comigo. Sempre... desde que a conheci... naquele dia...


Parte 3:

Dia 27 de julho de 2012.

Hoje vai ser meu primeiro dia de faculdade...

Não estou com a mínima vontade de sair da cama. Eram 6:30 da manhã, apesar de ter aula daqui à 1 hora, eu não havia me levantado ainda.

Minha mãe já me chamou umas cinco vezes, e nenhuma delas me ajudou a levantar. Fiquei encarando o teto por mais uns 15 minutos antes de finalmente me levantar.

Desço as escadas parecendo um zumbi e sento com minha mãe na mesa. Como de costume, rezamos. Por fim, posso finalmente comer meu “pão de cada dia”.

“E então Sypher, preparado para o primeiro dia na faculdade? Aposto que vai se dar muito bem lá.”

“Espero que sim...”

“Que desanimo é esse, filho? Nem parece que está feliz por ter tirado a segunda melhor nota.”

Sim, eu estou contente... mas falta algo. Não sei o que é, mas falta...

“Eu só estou com sono mãe, desculpe.”

Minha mãe ficou me observando com um olhar preocupado enquanto eu comia. Ela provavelmente acha que está acontecendo algo de errado.

“Fica tranquila, mãe. Está tudo certo não há nada de errado.”

Disse algo para reconfortá-la e deixá-la mais tranquila quanto ao meu bem estar.

“Bom, estou indo me arrumar, tenho que ir rápido para não chegar muito atrasado.”
Me levantei da cadeira, fui para meu quarto e troquei de roupas. Arrumei minha mochila e fui para o ponto de ônibus.

Enquanto eu esperava o ônibus, uma garota sentou ao meu lado. Ela era bonita, seus cabelos castanhos, longos e lisos me deixaram hipnotizado. Acho que nunca havia visto uma garota tão bonita assim nas redondezas.

“Hãã... me desculpa, mas o que você tá olhando?”

Droga, acho que fiquei olhando pra ela demais!

“Ah desculpa, estava olhando os seus cabelos, que por sinal são lindos.

Ela sorriu e disse.

“Muito obrigada.”

Ela então voltou a mexer no seu celular. Ficamos esperando mais uns 10 minutos até o ônibus aparecer. Quando entrei no ônibus, sentei em um dos poucos bancos que sobravam e a única coisa que eu conseguia observar era aquela linda garota do ponto de ônibus.

Toda vez que ela virava e olhava para a minha direção, eu fingia que não estava olhando para lá. Obviamente ela deve ter notado o tempo todo que eu estava a observando, mas parecia que ela não ligava. Talvez ela simplesmente já esteja acostumada com isso.

Seu olhar era cativante, quando nossos olhares se cruzavam eu tinha a sensação de que eles me abraçavam, me davam boas-vindas... era algo indescritível...

... droga, estou pensando demais nela. Eu tenho que me concentrar! Tenho que começar com boas notas na faculdade, eu não posso me corromper agora.

Estava chegando na hora de descer do ônibus e, para minha surpresa, a garota do ponto de ônibus se levanta também. Não me diga que ela estuda na mesma faculdade que eu!

Desci do ônibus e comecei a andar em direção ao portão. Tentei evitar qualquer outro contato com a garota do ônibus, sim, parece idiota, ou até mesmo gay, mas eu preciso me concentrar em coisas mais importantes.

Fiquei impressionado, só o portão já era imenso, haviam muitas pessoas entrando e saindo do campus. Enquanto fui entrando pude ver uma imensa construção, o prédio principal. Mais a direita, haviam outros prédios menores onde ficavam alguns cursos.

E a esquerda havia o campo de futebol americano,  e ao lado do campo o ginásio de basquete.

Peguei o papel que estava guardado no meu bolso e verifiquei qual era a minha sala.
“Hm... 2F-5... prédio número 3.”

Fui em direção aos prédios menores. Andei por uns 4 minutos até encontrar o prédio número 3. Nesse prédio é onde se encontram os cursos relacionados à tecnologia, como engenharia eletrônica, programação, etc. Como meu curso era programação, esse era meu prédio.

O prédio por dentro era bem interessante. Com uma decoração bem voltada para à tecnologia eu estava me sentindo em casa. Alto falantes com áudio Full HD, um telão enorme no hall de entrada dando boas-vindas aos alunos. E por último, várias plaquinhas de LEDs que nos dão direção para onde ir.

Eram 8:29, eu estava 1 hora atrasado. Quando cheguei, sentei em uma cadeira vazia e assisti o resto da aula antes do intervalo. O início da matéria era fácil, tão fácil que nem precisei me esforçar para fazer os primeiros exercícios. Aquilo parecia ser algo natural para mim.
Enquanto todos se matavam para fazer, eu fiquei ali, parado, observando o quão grande a sala era. Era bem chique até. As cadeiras eram confortáveis, e as apostilas, de qualidade. Não tinha nada do que reclamar.

O professor então, resolve chamar alguém para resolver o exercício no quadro.

“U-hum... vamos ver... Sr. Sypher Tyrus, o atrasadinho... Que tal nos mostrar do que é capaz, rapaz?”

Hahaha! Senti uma chamada por um desafio é isso?! Estou a caminho, velhinho.

[Três minutos depois]

“... e é assim que se monta a estrutura básica.”

O professor ficou simplesmente atônito. Ele pensou que iria me pegar com algo tão simples? Pff... tente algo mais difícil, por favor.

“B-bem... pode se sentar.”

Fui voltando lentamente para minha cadeira, enquanto o professor continuava com a cara no chão. Cara, aquilo foi impagável.

Eu pude ouvir os outros alunos comentando coisas como: “Porra, o cara resolveu em três minutos o exercício.” “Eu levei vinte e cinco... e ainda estava errado! Merda!”
Foi realmente hilário, sério.

[...]

Era então a hora do intervalo.

Continuei na sala de aula, pois fiquei sem vontade de sair e dar uma volta. Ao olhar em volta, vejo um cara se aproximando com uma garota. O cara parecia um armário de tão grande.

“Ei, você não estaria interessado em entrar no time de basquete? Você parece ser bom.”

Não tenho certeza se ele está me zoando, ou falando sério.

“O time de basquete tá tão desesperado assim? Porque para chamar alguém como eu...”

“Ei, ei, não é isso. Estou só sendo educado e perguntando se quer ou não. Só precisa me responder isso, beleza?”

Uou, o cara não ficou estressado? Nem quis me bater? Hahaha! Isso é novidade, pelo menos para um cara do tamanho dele, que geralmente pensa com os músculos.

“Meu nome é Vitrus, prazer. E o seu?”

Vitrus estende a mão para me cumprimentar, então faço o mesmo.

“Sypher.”

“E então, Sypher? Vai querer fazer pelo menos um tryout? Não sei se vai conseguir entrar, mas é melhor do que ficar aqui sentado sem fazer nada o dia todo, certo?”

Bom, ele tem um pouco de razão quanto a isso... talvez eu devesse tentar.

“Ok, Vitrus. Tentarei entrar para o time.”

“Yeah! É assim que se faz, cara! Vamos, gata, temos que recrutar mais uma galera.”

E lá se foi o cara maluco do time de basquete...

O dia hoje tá tão louco que eu não sei se me surpreenderia com alguma outra coisa.

[...]

Eu estava enganado, ao olhar para a entrada da sala, vejo uma garota de cabelos negros, seus olhos eram verdes, e seu rosto era de princesa.

Acho que finalmente me apaixonei.

Fiquei olhando em sua direção por tanto tempo que eu acho que ela notou. Entretanto ela nem deu a mínima...

Bom, acho que esse sentimento é o de amor platonico, tendo em vista que nem ao menos consigo chegar perto dela. Apesar do meu medo, tentei uma investida, fui andando em sua direção e-

"Eu sei o que você quer, e a resposta para tal pergunta é não."

Uou! Fria como o gelo. Eu nem ao menos tive a chance de falar... é, acho que o amor não é algo para mim.

Sabe, acho que foi por isso que sempre estudei, e estudei, e estudei... porque quando estou estudando eu ganho conhecimento e não preciso levar golpes tão dolorosos na alma.

Então, após ela falar daquele jeito comigo, virei as costas e disse a ela.

"Tento imaginar muitas vezes o que passa na cabeça do ser humano. Tento entender ações como as suas. Você esnoba os outros por quê? Talvez eu tenha a resposta, mas o que adianta dizê-la? Isso ajudará outros? Fará qualquer diferença no seu comportamento? Não. Então, continue assim, e enquanto eu estiver vendo o mundo podre em um local onde eu possa estar seguro, você fará parte desse mundo, afinal o mundo inteiro é assim como você. Podre."

Após dizer tudo o que veio na minha cabeça, fui andando até a porta, ao abrí-la dei uma última olhada para a garota. Por algum motivo ela não ficou com raiva, e sim, surpresa e reflexiva. Quem sabe as minhas palavras que mais pareciam as de um vilão tentando dominar o mundo tenham chegado nela...

Decidi dar uma volta pelo campus.

Durante meu pequeno passeio no intervalo, me deparei com um cartaz que dizia 'Venha ver o concerto de início de semestre! Local: auditório 2'.

Hmmm... parece ser interessante. Segundo o cartaz, o concerto começa às 19:00. É, parece ser uma boa pedida!

"Está interessado no concerto de hoje?"

Quando olho para a direção em que a voz estava vindo, vejo a garota do ônibus.

"É... mais ou menos."

Respondi a ela com uma expressão de dúvida. Ela então disse.

"Sabe, você não parece o tipo de cara que vai em concertos... você parece aqueles caras da programação que entram em competições ligadas ao intelecto."

... bem, ela está certa sobre isso. Só fui uma vez a um concerto, e sou um cara da turma de programação que gosta de competições intelectuais... mas isso não siignifica que eu não possa ir ao show de hoje.

"Mas isso não quer dizer nada. Espera um pouco, como você sabe que eu sou da turma de programação?"

"Hã... chute? Eu nem imaginava que você era da programação. Eu só quis puxar assunto na verdade. É porque você ficou olhando tanto para mim no ônibus que eu acabei pensando que você queria falar comigo."

Puta merda! Ela notou. Fudeu... o que eu faço agora?

Calma Sypher, respira fundo. É só agir normalmente.

"Ah você viu? Caramba, acho que fui meio óbvio né? Haha..."

"Não se preocupa, não me ofendi por causa disso. E então, você vai ou não nesse concerto?"

"Claro que vou."

 A garota sorriu e disse.

"Bom, te vejo lá então. Tchau!"

Eu sinceramente não entendi nada do que aconteceu aqui. Ela veio falar comigo só pra saber se eu ia ou não...? Não faz sentido algum.

De qualquer forma, ela falou de competições intelectuais. Acredito que deveria me informar sobre isso. Após isso, retornei à sala.

No mesmo dia, a noite.

Ao longe eu conseguia ouvir o som da bateria. Parece que já começou.

Quando eu estava quase chegando no auditório 2, me deparo com uma garota e dois caras atrás dela.

Era a garota que me deu um fora mais cedo. Ha, quer dizer que ela trouxe uns caras pra me espancar até a morte ou algo do tipo? Já imaginava.

"E então, pensou sobre o que eu te falei mais cedo?"

Perguntei a ela com um tom sério. Ela me respondeu.

"Pensei, e o que você me disse não faz sentido algum, acho que você tá assistindo muito filme de ação. Mundo podre? Você assistindo o mundo de cima como um deus? Me poupe, você só pode ser um retardado."

Hmm, já imaginava uma reação parecida. Mas ela tem razão quanto ao meu pequeno discurso. Eu parecia estar querendo me tornar uma espécie de Deus.

"Vai ficar calado?"

"Sim,  afinal você veio aqui para me surrar, certo?"

Ela deu um leve sorriso, e disse.

"Até que você é bem esperto. Bom, acho que podemos começar."

Logo após ela terminar a sentença, os dois caras que estavam atrás dela começaram a vir em minha direção. Me deu uma enorme vontade de correr, mas acho que já era meio tarde para isso.

"Ah-hem! Posso saber o que está acontecendo aqui?"

De repente uma pessoa aparece antes que os dois caras pudessem me atacar. Quando olho para a origem da voz me deparo com Vitrus.

"Que cê tá fazendo aqui Vitrus?" -- Disse um dos caras.

"Eu só tava indo pro show... e vocês?"

A garota apontou o dedo para mim e disse com um tom sarcástico.

"Estamos apenas brincando com o nosso novo amiguinho."

Vitrus fica com um olhar sério e o direciona para a garota.

"Antoniette, já cansei desse seu comportamento. Você não consegue aguentar nenhuma crítica sem ter que apelar para uma violência descontrolada. Honestamente, sinto pena de você..."

Ah, então o nome dela é Antoniette. Mas o nome dela não importa, eu estou em uma enrascada das grandes. Talvez Vitrus possa me ajudar. A garota responde Vitrus enquanto tira algo do bolso.

-! Uma faca! Ela queria mesmo me matar! Merda, a situação tá ficando fora do controle!

"Se tentar interferir você terá o mesmo destino que o dele! Eu não estou brincando."

A garota gritava essas palavras enquanto segurava a faca com suas mãos tremulas. Ela meio que começou a ficar nervosa? Talvez as coisas não estão indo como o esperado.

"Antoniette, larga essa faca, você já está passando dos limites... Tsc, sério você sempre me incomoda desse jeito."

Vitrus disse isso sem o menor ar de preocupação. Era como se isso fosse comum pra ele.

"Vitrus é melhor a gent- uwaaa!!!"

Um dos caras me deu um soco na cara. Minha boca começou a sangrar. E quando o outro foi me atacar também, Vitrus segurou seu braço e rapidamente o empurrou para trás, de tal forma que ele pode acertar seu punho gigante no rosto do cara!

"I-incrível..." -- Sussurrei...

Quando viu que seu companheiro estava caído, o cara que me acertou foi correndo até Vitrus. Em um movimento rápido, Vitrus desviou do ataque e logo em seguida o acertou com dois socos fazendo-o cair no chão.

Os dois caras estão se contorcendo de dor após levarem um soco! A força desse cara deve ser imensa... ainda bem que ele está do meu lado! A garota, Antoniette, que estava nervosa, ficou apavorada e veio correndo em minha direção preparando-se para me esfaquear.

"VITRUS, MALDITO!!! PARE E ME DEIXE BRINCAR COM ELE EM PAZ!!"

"Infelizmente não posso deixar."

Droga, acho que vou morrer...

Fechei meus olhos devido ao pavor e-

[...]

[Choro]

Quando abro os olhos, me deparo com três pessoas.

"Caralho! Ainda bem que chegasse a tempo, Rydia."

"Que merda vocês estavam fazendo porr aqui? O que vocês têm na cabeça? Principalmente você, Antoniette! Matar alguém? Isso é insano até pra você!"

A garota quee está furiosa e dando um sermão é a garota do ônibus. Vitrus está de cabeça baixa e pedindo desculpas, enquanto Antoniette está chorando. Sério, acha que chorar vai apagar o que você tentou fazer? Rydia, a garota do ônibus pára o sermão e vai até mim que está parado sem entender nada.

"Você tá bem?"

"Acho que sim..."

Ela deu um sorriso e virou para os outros dois novamente.

"Vitrus, leva a sua irmã pra casa, e amanhã leve-a para o diretor. Além disso, ela anda tomando os remédios dela?"

"Sim... senhora, ela está tomando, pelo menos é o que ela nos diz... Bom, irei verificar isso, beleza? Vamos Antoniette."

Uou! Ela é irmã do Vitrus?! Então foi por isso que ele disse que não aguentava mais aquele comportamento. Agora faz mais sentido. E faz ainda mais sentido ela ter algum problema psicológico, afinal ela puxou uma faca! Entretanto, isso me faz pensar o por quê de ela estar matriculada em uma faculdade comum, tendo uma doença aparentemente bem perigosa para todos ao seu redor.

"Ei, Vitrus."

Vitrus olhou para mim enquanto segurava o braço da Antoniette.

"Obrigado, se não fosse você, eu provavelmente estaria bem ferrado agora."

Sem dizer nada, ele foi embora.

"Parece que sobraram apenas nós dois não é, senhor programador? Você pode me explicar o que aconteceu aqui?"

"Acho que você já consegue deduzir... aquela tal de Antoniette tentou me espancar e depois me esfaquear. Aliás, o que aconteceu quando eu parecia um covarde de olhos fechados?"

"Hmmm, como posso explicar? A Antoniette veio correndo pra te atacar só que quando ela estava chegando eu a acertei com aquela garrafa, aí ela se distraiu e o Vitrus a desarmou."

Quando eu olhei para a garrafa que ela apontou, vi uma garrafa de 2L de refrigerante totalmente cheia. Acho que agora sei porque a garota saiu daqui aos prantos...

"Bom... acho que devo te agradecer também, afinal você me salvou."

Ela olhou para mim enquanto sorria e disse.

"Não foi nada! Agora que tal ir para o show?"

"Acho que vou passar, vou deixar pra próxima. É que não sei se você notou, mas eu meio que quase fui esfaqueado e tal."

Ela então agarrou meu braço e começou a me puxar.

"Ei, o que você tá fazendo?!"

Ela sorriu novamente e respondeu.

"Estou te levando pro show. Você não queria ir?"

"Sim, eu queria mas..."

"Então está decidido! Vamos para o show!"

Por algum motivo não consegui retrucar, então apenas deixei-a me levar.

Durante o show fiz coisas que nunca pensei que faria, como por exemplo, dançar com alguma garota, curtir um pouco e esquecer do mundo. Acho que naquele momento, eu pude viver...

E por algum motivo, acho que conheci alguém que passará um bom tempo me incomodando, não é, Rydia?


Parte 4:

Sim.

Desde aquele dia, ela continuou comigo. Ela brigou comigo, chorou comigo, lutou comigo. Até mesmo ganhou de mim, principalmente naqueles malditos campeonatos de faculdade...
Entretanto...

Tudo está prestes a acabar, como se tudo que vivi não valesse de nada. Esse é o pior sentimento que alguém pode ter.

[...]

Eu não posso deixar tudo acabar assim. Eu não posso desistir sem lutar como fiz a minha vida inteira. Cansei de ser apenas mais um fracassado. Irei lutar, nem que seja para morrer assim que atravessar a rua. Pelo menos eu morrerei sabendo que tentei vencer.

Me reergui, levantei a cabeça, e comecei a correr em direção a minha casa, afinal é para a Rydia estar lá, assim como minha mãe. Após eu conseguir falar com as duas irei para a casa do Vitrus. E por último, a casa da Rose, afinal não posso negar um sentimento forte por ela.

Durante minha corrida até em casa, pude ouvir explosões, muitas explosões. Também pude ver pessoas correndo desesperadamente, tentando encontrar lugares seguros. Porém, não existe lugar seguro.

Muitas casas já estavam destruídas, e raios continuavam a cair sem cessar. Tudo estava sendo destruído, e eu só conseguia correr, sem olhar para trás.
 
Chegando em frente a minha casa fiquei perplexo com o que vi.

Cadáveres que pareciam ser de anjos... seja o que passou por aqui, conseguiu derrotá-los.

De qualquer forma, corri para dentro para verificar se alguém estava lá dentro.

Quando entrei me deparei com mais anjos mortos. O que diabos está acontecendo aqui?!

Subi as escadas e fui em direção ao quarto de hóspedes, quando abri a porta me deparei com uma pessoa...

... Rydia.

Ela estava olhando pela janela, então só conseguia vê-la de costas. Suas roupas estavam todas sujas de sangue, e ela segurava o que parecia minha katana que comprei no eShore.
Espera um pouco! Foi a Rydia que matou todos esses anjos?! Aquela Rydia? A doce e ingênua Rydia?!

Só pude ficar parado e observando. As palavras não saíam da minha garganta, era como se elas fosse grandes demais e ficaram presas.

“Sy...”

De repente ela chama meu nome e volta-se para mim. Seu rosto...

Ela estava chorando...

“Sy... onde você foi?! Eu fiquei preocupada! E o que tá acontecendo?! Essas pessoas que parecem anjos apareceram tentando me matar, então eu peguei a sua katana pra me defender e-“

[ABRAÇA]

“Rydia... que bom que você está bem! Não importa! Está tudo bem agora! Você pode me explicar tudo depois, mas agora precisamos ir até a casa do Vitrus.”

“S-Sy...”

Ela está completamente abalada... eu não consigo imaginar como ela conseguiu derrotar esses anjos que eram para ser supostamente superpoderosos. Vou deixar isso de lado por enquanto e me concentrar no plano que formei.

Peguei a mão da Rydia e a guiei até a rua. Chegando na parte de fora da casa, Rydia me puxa e aponta para os céus.

Mais anjos, eram quatro anjos... mas eles eram diferentes.

Eles possuíam apenas uma asa negra. Então até mesmo o próprio Inferno veio nos dar boas-vindas ao mundo que está prestes a nascer.

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