Capítulo 01: Surpresas
Parte 1:
Meu nome é Sypher
Tyrus. Todos me chamam de SyTrus. Por quê? Nem eu sei.
Ultimamente minha vida
esteve muito instável. Provavelmente você deve estar perguntando o por quê.
Bom, saí da faculdade faz um tempo e ainda não arranjei nenhum emprego.
Minha mãe fica me
enchendo o saco sobre isso. Ela sempre diz “Vai trabalhar seu vagabundo! Fica
nesse quarto o dia inteiro”.
Eu sinceramente não
tenho a mínima vontade de arranjar um trabalho, afinal nem uma namorada eu
tenho ainda. Quero dizer, o que adianta começar minha vida de adulto se eu nem
ao menos aproveitei minha vida de adolescente?
Decidi me levantar da
cama afinal, já era bem tarde...
Então, após eu me
levantar da cama em que estava deitado, resolvo ligar a televisão por um
instante.
[Irmãos! Vamos nos
preparar para o Juízo Final! Todos aqui sabemos que o mesmo está próximo. Livrem-se
de todos os seus pecados, ou então serão tratados como pecadores quando o
Messias voltar!]
O cara que estava
falando agora era um pastor aleatório de um canal aleatório da TV. Em toda a
minha vida eu nunca acreditei nesse tipo de coisa. Minha mãe sempre foi muito
crente nessas profecias e tudo mais, porém para mim, o mundo só acaba quando eu
morrer.
Cara, será que as
pessoas um dia vão parar de acreditar nessas coisas? Como pode existir tanta
gente desse jeito? Foi isso que me perguntei...
Bom, não tenho que
ficar pensando nisso.
Desliguei a TV,
arrumei minha cama e desci as escadas em direção à cozinha.
A cozinha da minha
casa não é muito grande. E obviamente minha casa não tem móveis luxuosos ou
coisa parecida. É uma casa simples.
Eu moro com minha mãe apenas e, quando penso
que um dia vou sair e deixar ela sozinha...
Bom... acho que essa
não é a hora para pensar nisso.
Minha mãe estava na
cozinha preparando o café da manhã.
Ela tem 43 anos.
Cabelos pretos e é um pouco alta. Está bem inteira também.
Minha mãe sempre foi
generosa com as pessoas e sempre levou aqueles “10 Mandamentos Divinos”
extremamente a sério.
Chegando na cozinha
senti um cheiro delicioso! Só pode ser as panquecas especiais! Sem querer me
achar, mas minha mãe é uma ótima cozinheira... ela tem tipo, o dom!
“Sypher, terminei de
fazer as panquecas. Espero que estejam gostosas já que fiz com muito amor!”
“Sim! Devem estar deliciosas.”
Respondi a ela
enquanto olhava para a mesa. Ela não havia feito só panquecas.
Na mesa tinha café,
leite, vários bolinhos, pães e por fim, a minha panqueca.
Obviamente a primeira
coisa que vou comer são as panquecas. Mas quando eu estava prestes a devorar
aquelas lindas panquecas, minha mãe chamou a minha atenção.
“Sypher! Esqueceu que
devemos orar antes da refeição!?”
Droga. Isso de novo?
Eu não sei por que mas eu não aturo fazer isso. Qual é a necessidade de falar
com alguém que você nem tem certeza se existe?
Bom, acabei fazendo a
vontade da minha mãe e orei junto a ela.
“”Deus, obrigado por
todo o alimento que temos hoje em nossa mesa””
Após o agradecimento a
Deus, comecei a comer minhas panquecas. Tinha um gosto maravilhoso. Era uma
combinação perfeita de todos os ingredientes. Eu choro por dentro ao comer
essas panquecas.
Enquanto eu comia, minha
mãe ficava me encarando com uma cara assustadora... E do nada ela me fala:
“Sypher, tenho duas
perguntas para te fazer.”
“Vá em frente e
pergunte” – Respondi a ela.
“Quando que você irá
arranjar um emprego?”
“Vamos discutir isso
novamente? É sério isso? Mãe, você já sabe que eu estou tentando arranja r um
emprego. Então não precisa tocar nesse assunto toda manhã.”
Ela sempre vinha com
esse assunto todo dia de manhã... não sei como eu ainda aguento. Qual será a
segunda pergunta que ela irá fazer? Eu já sabia que uma dessas seriam sobre o
meu emprego, mas a segunda eu não tenho ideia o que seja.
Ela então me olhou com
uma expressão preocupada e fez a outra pergunta:
“Quando irá finalmente
conseguir uma namorada? Sabe, você não conseguirá viver sozinho para sempre.”
Após essa súbita
declaração, eu cuspi o suco que estava tomando... Como ela consegue falar algo
assim com a maior tranquilidade do mundo!?
“...eu não faço ideia.
Talvez um dia eu encontre alguém afinal eu não sou o Vitrus.”
Sim, eu não sou o Vitrus.
Vitrus é um amigo meu que está sempre com uma namorada diferente a cada semana.
Eu sinceramente não sei o que as garotas veem nele.
“Você pode não ser o
Vitrus, mas não é normal um garoto de 20 anos não ter dito pelo menos uma
namorada na vida.”
Ei, ei! Não precisa
falar algo assim pro seu filho! Que insensível. Foi um tanto desnecessário.
Minha mãe às vezes
vinha com um comentário maluco desses...
Eu sempre tentei me
esquivar dessas perguntas malucas, porém o cerco está fechando e em algum
momento terei de arranjar uma namorada.
Sabe... não é minha
culpa eu não ter uma namorada. As garotas que simplesmente não me querem.
Uma vez na faculdade,
eu tentei de tudo quanto é jeito conquistar uma garota... pode se dizer que não
deu muito certo.
Após aquele dia, resolvi apenas me concentrar em outras coisas
e deixar o amor para outra hora.
Levantei-me da cadeira
e despedi-me de minha mãe.
“Bom, não tenho mais
nada a comentar. Vou apenas me arrumar para a entrevista de emprego hoje.”
“Boa sorte filho,
espero que finalmente consiga um emprego.”
Logo após a despedida
fui ao meu quarto.
O meu quarto não é
muito pequeno, porém não é muito grande. Acho que é do tamanho certo para eu
viver.
Nele estão a minha
cama, o meu computador, meu guarda-roupas e minha TV.
Também tenho algumas
coleções de revistas em quadrinhos e mangás. Faz bastante tempo que não leio
algo... Acho que eu deveria voltar a ler.
Abri meu guarda-roupas
e bem... Não tenho tantas roupas assim e a única apropriada para a entrevista
era um terno, o único.
Vesti o terno, gravata
e um sapato social. Passei gel no cabelo e perfume pelo corpo.
E foi desse jeito que
fui para a entrevista de emprego.
Parte 2:
“Acho que é aqui.”
Eu estava na frente de
um edifício bem alto. Devia ter uns 30 andares, talvez mais. Então, como não
havia motivos para eu continuar parado na entrada do prédio, decidi entrar e
encarar mais uma nova entrevista de emprego.
Ao entrar no prédio,
me deparo com um ambiente extremamente elegante. Parece que estou em uma
mansão. O hall de entrada era surpreendentemente grande. Na verdade, eu não sei
se era tão grande assim, ou era eu que estava acostumado com lugares menos
espaçosos.
O fluxo de pessoas
nesse hall era intenso. Pessoas iam e voltavam rapidamente.
O ritmo aqui deve ser
bem acelerado... se eu conseguir o trabalho não sei se irei aguentar...
Após dar um suspiro e
ficar parcialmente depressivo peguei o papel no meu bolso. Nesse papel estava
escrito em qual andar eu deveria comparecer. Era o 27º andar.
Peguei o elevador e subi
até o 27º andar. Enquanto subia, eu analisava o interior do elevador. Era bem
luxuoso como o resto do prédio.
Do meu lado tinha um
cara que parecia estar perturbado... será que é stress? Enquanto olhava para
ele, meu coração chorava de medo.
De qualquer forma,
isso não importa mais já que estou prestes a fazer a entrevista. Ao sair do
elevador, vejo que o fluxo nesse andar é bem menor. O ambiente é calmo.
Ao sentir toda a
serenidade que o lugar trazia, pude me sentir muito mais aliviado. Ainda mais
se esse for o setor em que eu for trabalhar.
Caminhando bem
lentamente fui em direção à linda secretária do Sr. White, uma morena realmente
linda.
“Com licença, moça?”
Ela então olhou para
mim e com um sorriso respondeu-me:
“Pois não?”
“Vim aqui para uma entrevista
de emprego com o Sr. White.”
Ela então prontamente
disse:
“Ah sim, você é o
Sypher Tyrus correto? Ele está na sala ao lado, irei avisá-lo que você já
chegou.”
“Muito obrigado.”
Então após esse curto
diálogo, me sentei em uma poltrona, era macia, tão macia que eu quase dormi ali
mesmo. Eu já estava até babando...
Não! Não posso dormir
em uma hora dessas, afinal tenho que conseguir essa vaga de emprego. Se eu não
conseguir minha mãe irá reclamar e reclamar...
Ela vive reclamando
assim porque eu já fui em pelo menos trinta entrevistas de emprego e em nenhuma
delas eu fui contratado.
Ao lembrar de tudo
isso, meu sono desaparece e quem toma conta de mim é a depressão.
Durante a minha
espera, eu analisava as pessoas que passavam por ali.
A grande maioria
estava conversando sobre como queria estar ganhando mais, que suas vidas eram
uma merda. Hmph. O tipo mais comum de pessoa. O reclamão, sempre reclama da
vida e diz que nunca vai melhorar. E obviamente, ao lado do reclamão, há sempre
um religioso que sempre diz “Não se preocupe, acredite em Deus. Com certeza sua
vida melhorará.”. Eu sinceramente não os culpo... quero dizer, foram ensinados
a acreditar nisso durante todas suas vidas.
Na verdade, eu nem sei
o por quê de eu estar pensando tanto nesse tipo de coisa...
Talvez eu esteja
pensando nisso porque eu vejo muita coisa errada no mundo e o tal de
"Deus" não faz nada para ajudar.
Se Deus realmente
existisse, será que o mundo seria tão ruim quanto é hoje? Acho que nunca
saberei, infelizmente.
Então eu abro meus
olhos e vejo a secretária vindo em minha direção. Ela pára em minha frente e
diz.
“Sr. Tyrus, o Sr.
White está o esperando.”
“Ah, obrigado.”
Agradeci a ela, me
levantei da poltrona, e fui em direção ao escritório do Sr. White.
Ao chegar no
escritório a primeira coisa que notei é que era bem espaçoso e elegante,
exatamente como qualquer outra parte do prédio.
No centro do
escritório estava o Sr. White sentado em uma cadeira luxuosa. Em uma prateleira
na parede, haviam alguns troféus. Eram prêmios de “Melhor empresa do Ano” esses
tipos de coisas.
Ao entrar no
escritório, fiquei um pouco surpreso ao descobrir que o Sr. White era um homem
relativamente jovem.
Era baixo porém forte,
e tinha uma barbinha que chegava a ser engraçada. Entretanto, ele parecia estar
bem bravo...
Com um olhar
desinteressado e uma voz decepcionada ele diz:
“Então você é Sypher
Tyrus... Eu imaginava alguém mais...”
“Rico? Bonito?
Organizado? Me desculpe Sr. White mas não se importe com minha aparência. Eu sou
extremamente bom no que eu faço.”
Tive que ser um pouco
mal educado. O cara nem ao menos olhou meu currículo e já chega querendo falar
mal de mim!?
“Ha... vejo que você
tem uma língua bem afiada. Se eu fosse você tomaria muito cuidado com o jeito
que você se dirige a mim.”
Huh!? Ele acabou de me
ameaçar? Caramba!
“Me desculpe. Só quis
dizer que... bom, apenas olhe meu currículo.”
Como não queria
arranjar nenhum problema, pedi que ele olhasse meu currículo. Eu sei que posso
parecer um idiota, mas meu currículo é impecável!
Quando ele abriu meu
currículo, os olhos que antes estavam entreabertos até agora pouco, ficaram
arregalados com minhas habilidades.
“Hmm... até que você é
muito bom. Suas notas na faculdade foram
máximas durante todos os anos e em todas as disciplinas... simplesmente
incrível. Pelo jeito o que você falou antes não era mentira.”
Ele disse essas
palavras enquanto folheava meu currículo. Ele estava com uma expressão de
surpresa.
“Muito obrigado
senhor. Acredito que irá ficar com o currículo e me contactar depois correto?”
“Não, pelo contrário.
Irei lhe contratar hoje mesmo. Você começará amanhã.”
Wow! Eu não imaginei
que seria assim tão fácil. Afinal, em todas as entrevistas que eu fiz, todos os
contratantes falavam que iam me ligar mais tarde. Bom, nunca acreditei nisso
mesmo.
Ele ficou extremamente
impressionado com o meu currículo. E eu fiquei impressionado com a súbita
mudança de humor dele após verificar meu currículo.
Agora minha sorte
finalmente está mudando! Parece que finalmente irei caminhar em direção ao sucesso!
Após eu terminar de
assinar toda a papelada, saí do prédio, e enquanto esperava o ônibus sinto a
presença de alguém atrás de mim.
Quando olho para trás
me deparo com uma garota...
Não, não pode ser ela!
"Oii Sy! Lembra
de mim?"
Quem estava diante de
mim era nada mais, nada menos que Rydia, a minha rival na faculdade!
Depois de eu não ter
conseguido uma namorada eu comecei a participar de torneios que exigiam
conhecimento, como por exemplo, xadrez.
E ela sempre chegava nas
finais e desde que eu comecei a participar eu e ela nos enfrentávamos nas
finais...
De vinte torneios,
ganhei oito. E após perder para ela no último torneio eu jurei que iria
derrotá-la na próximo vez que nos enfrentássemos. Só não imaginei que seria tão
cedo assim!
"Já falei para
você parar de me chamar de Sy... Você sabe que eu não gosto, Rydia."
"Yay!! O Sy se
lembra de mim!"
O que acabou de
acontecer agora a pouco?
"Ei, ei! Que
felicidade toda é essa? Não éramos rivais até um tempo atrás?"
Ela olhou para mim com
uma expressão tímida e falou:
"Eu nunca falei
que você era meu rival... você que inventou tudo isso."
É verdade... eu que
inventei essa história de rival. Talvez tenha inventado isso para eu me sentir
melhor, afinal eu havia perdido doze vezes para ela.
"Me desculpa
Rydia. É que você me pegou desprevenido. E por que você está aqui? Você não
havia se mudado para Romênia?"
Sim... era para ela
estar na Romênia! O que ela tá fazendo aqui?
Elaa apontou o dedo
para mim e disse:
"Vim aqui para os
Estados Unidos para reencontrar você, Sy! Já fazem três anos!"
Depois dessa
declaração um tanto quanto estranha, eu coloco minha mão na minha testa, dou um
suspiro e falo:
"Você saiu da Romênia apenas para me ver? O que você tem na cabeça?"
Ela ficou triste e
disse quase chorando:
"Você não gostou
da surpresa que eu te fiz? Demorou tanto até conseguir falar com sua mãe e
conseguir montar uma surpresa dessas..."
O que!? Minha mãe tá
envolvida nisso? Mas é claro! Aposto que ela está tentando empurrar a Rydia pro
meu lado para que eu namore ela! Mãe sua...!
Para parecer legal agi
como se eu não estivesse surpreso e me desculpei com ela.
"Me desculpa. E
lá vou eu de novo te fazendo chorar. E quer dizer que a minha mãe te ajudou a
me encontrar?"
Quando me desculpei
com ela, a cara de choro de um segundo atrás se transformou em um sorriso
resplandecente.
"Sim! A sua mãe
me ajudou a te encontrar e disse que eu poderia passar um tempo na sua
casa."
Ela estava tão feliz
enquanto dizia essas coisas. E a cada palavra que ela pronunciava eu não sabia
se ficava chocado ou feliz.
Chocado pelo fato de a
Rydia aparecer do nada e ficar durante um tempo na minha casa, e feliz pelo
fato de ter uma garota bonita dentro da minha casa.
"...e eu vou- Hmm
Sy, você tá me ouvindo? Ei, Sy!"
E foi desse jeito o
meu reencontro com a Rydia.
Parte 3:
“Mãe, cheguei!”
Ué? A mãe não tá em
casa? Estranho...
Tanto faz... só sei
que eu tô muito cansado. Mas pelo menos eu finalmente consegui um emprego! É a
melhor notícia do ano para mim. Finalmente minha mãe irá parar de me incomodar
com esse assunto! E eu irei poder sair de casa e ir morar sozinho! Uhul!!!
...mas tem um porém em
tudo isso.
"Sy! Onde fica o
banheiro? Quero ir tomar banho."
Sim, esse é o porém...
e se chama Rydia.
"O banheiro fica
no andar superior. Suba a escada e vire à esquerda, o banheiro é a segunda
porta."
"Muito obrigada
Sy!"
E enquanto agradecia,
ela ia subindo as escadas. Pela primeira vez eu pude perceber o quão bonita ela
é.
Sua voz era suave,
seus cabelos eram castanhos e lisos porém, curtos. Ela também tinha uma franja.
Ela mudou bastante desde a última vez que nos vimos.
Como eu estava muito
cansado, a primeira coisa que eu fiz foi sentar no sofá e descansar um pouco...
Então fecho meus olhos e...
...de repente apareço
em lugar totalmente branco.
Do nada, imagens
começam a aparecer no ar, elas estavam extremamente borradas e eu não pude
identificar nada.
As imagens pareciam
retratar cidades destruídas ou coisas do tipo.
Depois disso, as
imagens sumiram e eu acordei.
“... que sonho louco
foi esse...?”
Foi isso que disse a
mim mesmo enquanto eu coçava meus olhos.
Decidi pegar o controle
da TV e ver o que estava passando.
*Liga TV*
[Irmãos! Vamos nos
preparar para o Juízo Final! Todos aqui sabemos que o mesmo está próximo.
Livrem-se de todos os seus pecados, ou então serão tratados como pecadores
quando o Messias voltar!]
De novo esse pastor? E
outra coisa! Ele tem apenas essa fala? Caramba, já me enjoei dele!
*Desliga TV*
Eu acho que só pego os
horários em que esse cara tá falando. De uns tempos pra cá passou a existir a
“Palavra de Deus”. É como se fosse uma propaganda eleitoral obrigatória só que
com pastores... Acho que é por isso que toda vez que ligo a TV esse pastor está
falando.
Essa maldita
propaganda de pastores começou graças a uma nova profecia de que o mundo iria
acabar. Será que alguém acredita nisso ainda? Já passaram-se tantas datas
apocalípticas e em nenhuma delas o mundo acabou, por que o mundo acabaria
agora?
Essa teoria supõe que
em algum momento desse ano, iria começar um epidêmia em todos os lugares do
mundo e que aconteceriam desastres naturais ao mesmo tempo.
Quais são as chance de
isso acontecer simultâneamente? Pois é, quase zero.
Ah... e lá vou eu
novamente... me afundando em pensamentos inúteis. Essa é a desvantagem de
conseguir analisar e pensar em muita coisa ao mesmo tempo. Acabo pensando em
coisas desnecessárias.
*Knock knock*
Huh? Alguém bateu na
porta. Mas eu não estou a espera de ninguém...
“Quem é?”
“Sou eu cara, abre a
porta logo!”
Essa voz... não
acredito nisso.
Quando eu abro a porta
me deparo com Vitrus, um amigo meu. Só porque eu falei dele hoje de manhã não
quer dizer que ele deva vir até aqui em casa.
Vitrus era um cara careca com um rosto
parecido com o de um Russo. Tinha olhos verdes e seu rosto tinha algumas
cicatrizes. Ele é bem forte, parece um armário. Ele deve ter ficado assim depois
dos dois anos de treinamento no exército.
Ah... Outro detalhe...
Como sempre, ele
estava com mais uma namorada. Como ele consegue trocar tão rápido!?
O cara era tão folgado
que já foi entrando semais nem menos! E a medida que ele entrava eu fui
dizendo.
“Vitrus, por que você
vem aqui pra namorar cara? Vai pra tua casa velho! Você sabe que eu não gosto
quando você vem sem avisar.”
Fui curto e grosso. Se
o cara vem para namorar então é melhor nem vir.
“Ei, ei! Calma
Sytrus... Só vim aqui dar um “oi”... E você sabe que não vou pra minha casa por
causa da minha mãe. Ela é chata demais cara!”
Vitrus me respondeu
dessa maneira enquanto fazia uma cara de coitado e abraçava a garota.
“Não é culpa minha.” –
Respondi.
É verdade... a mãe do
Vitrus não suporta quando outras garotas vão lá.
Uma vez minha mãe foi
lá e ela quase matou a minha mãe! Foi uma loucura! Talvez ela seja assim porque
o pai do Vitrus traiu ela. Cara, eu simplesmente não consigo entender.
“Ah cara! Eu descobri
que você arranjou um emprego! Parabéns! Nunca pensei que um dia te veria
trabalhando. Vai fazer o que lá?”
Ele falou isso
enquanto fazia uma cara de surpresa. Já eu, respondi com uma expressão de
desinteresse.
“Programador e
otimizador de programas do governo.”
“WOW!!! Uma coisa tão
séria assim!? Isso quer dizer que todo seu estudo valeu a pena então?”
Vitrus ficou
extremamente impressionado com o que eu iria trabalhar. Quando eu lhe disse
minha função ele deu um sorriso tão cheio de felicidade que até achei
estranho...
E diante sua pergunta
eu o respondi:
“Sinceramente... eu
nunca estudei.”
“O-O-O QUE!? Você
tirava notas bem melhores que as minhas sem estudar!? Droga! Sou um
fracasso...”
De repente Vitrus
ficou triste e começou a chorar... o que há de errado com esse cara!?
“Vitrus, se só veio
pra isso, então gostaria que você fosse embora.”
Apenas falei a
realidade. Eu estava cansado e se ele veio tomar meu tempo com coisas inúteis,
preferiria estar dormindo.
“Ok, ok! Já entendi!
Você não quer a companhia do seu amigão né?”
Companhia do amigão!?
O cara vem com a namorada dele pra cá e diz que vai me fazer companhia...
Sério, como eu me tornei amigo desse cara!?
“Exatamente.”
“Tão cruel!”
Vitrus então ficou com
um rosto abalado.
E quando eu pensei que
eu poderia me livrar dele...
"Syyy!! Você poderia vir aqui!?"
Droga Rydia! Por que
você tinha que berrar logo agora?
Quando olhei para o
Vitrus eu pude perceber sua intenção maliciosa. Droga isso é só um mal
entendido!
"Então você não
quer a companhia do seu amigo porque tem uma garota na jogada, né
safadão!"
"Não!! E só uma
pequena confusão!"
"Uhum... sei...
confusão. Não se preocupe, vou deixar os pombinhos à sós! Hahahaha!!"
Maldito Vitrus! Fica
zoando da minha cara! Ainda bem que ele está indo embora.
"Até mais Sytrus!
Haha!!"
Ele foi embora rindo
da minha cara... maldito!
Logo após a saída de
Vitrus, eu ouço outro chamado de Rydia.
"Syyy!! Vem aqui,
por favor."
O que será que ela
quer em pleno banho?
Eu rapidamente subi as
escadas e corri até o banheiro, até parecia que eu estava indo salvar alguém.
Quando chego em frente
ao banheiro, me pronuncio.
"Estou aqui
Rydia. O que você quer?"
Perguntei a ela
enquanto colocava minhas mãos em meus joelhos devido ao cansaço da corrida de
agora a pouco.
"Eu... eu esqueci
de trazer roupas."
O que? Eu ouvi direito?
Ela não trouxe roupas? O que ela tem na cabeça? Como alguém como ela pode ter
me ganhado tantas vezes?
Suspirei, me acalmei,
e disse.
"Posso pegar
algumas roupas da minha mãe. Tudo bem para você?"
"Si-sim. Por
favor traga logo."
Eu simplesmente não imaginei
que a Rydia seria tão cabeça - oca... e também nunca pensei que veria um lado
tão, sei lá, meigo dela.
Ela sempre agiu com
extrema inteligência desde que conheço ela. Eu não consigo entender o que poderia
estar acontecendo.
Fui então pegar
algumas roupas para ela.
"Rydia, abra a
porta para eu poder te entregar as roupas.
Então, a porta se abre
lentamente e apenas um pouco, o suficiente para a roupa passar.
"Muito obrigada e
desculpa por ter te incomodado!"
Eu apenas consegui ver
seus cabelos cor de chocolate todo molhado, cobrindo seu rosto.
Foi uma bela vista que
durou meio segundo. Ela, Rydia, que parecia estar envergonhada, fechou a porta
rapidamente. E eu fiquei por cerca de cinco segundos em frente ao banheiro
antes de perceber que já havia cumprido minha tarefa.
Depois desses
acontecimentos, era hora do jantar e... bem, eu não sei cozinhar absolutamente
nada...
De repente, escuto uma
voz vinda do andar de baixo.
"Sypher,
cheguei."
A minha mãe tinha
chego em casa. Ainda bem! Eu não sei o que seria de mim e da Rydia se ela não
tivesse chegado.
Desci a escada como um
foguete, peguei o braço da minha mãe e a arrastei até a cozinha.
Ao chegarmos lá,
comecei a fazer algumas perguntas a ela.
"Mãe, que
história é essa de trazer a Rydia para cá? A senhora tá maluca?"
Ela estava tão calma
que dava até raiva!
"Por que você
está bravo? Eu apenas achei que seria bom para você rever uma amiga após tantos
anos."
"É óbvio que não
é por causa disso! Você está tentando me empurrar para ela não é?"
É claro que é isso! É
por isso que ela veio com esse assunto hoje de manhã.
"Sim, exatamente
isso."
Ela respondeu com a
maior cara de pau possível!
*Ploc Ploc*
Quando eu ouvi sons de
passos eu parei a conversa instantaneamente. Eu não queria que a Rydia ouvisse
aquilo.
"Oh! Sra. Tyrus.
Tudo bem?"
"Além de bonita é
educada! Parabéns Sypher!
Parabéns pelo o quê?
Eu apenas inclinei minha cabeça para o lado e fiz uma expressão de confusão.
Rydia também fez o
mesmo. Nem ela entendeu o que minha mãe quis dizer...
E foi assim até a hora
de ir dormir.
Quando chegou a hora
de deitar, Rydia foi dormir no quarto para visitas e eu fui pro meu quarto
dormir. Como pode acontecer tanta coisa maluca em tão pouco tempo? Pois é, nem
eu sei.
Após horas rolando na
cama, o sono finalmente chegou.
Parte 4
Era de manhã cedo.
O despertador já havia
tocado e eu ainda estava deitado, pensando na vida.
Mas é claro que eu
estaria pensando no que fazer afinal, não é todo dia que você recebe uma visita
inesperada de uma garota que você mal conhece direito.
Eu sinceramente não
sei o que fazer.
Enquanto eu pensava em
uma maneira de contornar a situação, eu fui me levantando da cama.
Quando eu levanto
alguém bate na porta do meu quarto.
"Sypher, está na
hora de levantar! Você agora tem um emprego lembra?"
Merda! Eu tinha
esquecido disso! Depois de ouvir o que minha mãe havia acabado de dizer, eu troquei
de roupa o mais rápido que pude e desci na velocidade da luz!!
Fui direto para a
cozinha pegar alguma coisa para comer, e a primeira que me recepciona com um
belo sorriso é a Rydia. E enquanto ela preparava a sua refeição, começa a
falar.
"Bom dia Sy!
Dormiu bem?"
"Sim, dormi bem,
porém não vou poder conversar agora! Estou com muita pressa!"
Dei a ela uma resposta
rápida enquanto pegava uma maçã.
"Tchau Rydia!
Tchau mãe! Vejo vocês à noite!"
"Que Deus lhe
proteja, Sypher."
"Tchauzinho
Sy!"
Ambas se despediram de
mim. E eu então, fui para meu novo emprego. Dessa vez eu tenho certeza que irá
dar certo!
Peguei um táxi e pedi
que me deixasse perto do United Center. Dali era apenas alguns passos até o
edifício.
Fiquei trancado no
trânsito por cerca de uma hora e meia. Depois de muita fila, eu tinha
finalmente chegado na UnderWork. A UnderWork é a empresa que começarei a
trabalhar a partir de hoje.
Ao chegar na recepção,
peguei o elevador e fui até o 27° andar.
Felizmente eu consegui
uma vaga bem no setor mais calmo! Sim, minha sorte está realmente mudando!
Eu já estava na porta
do meu escritório. O número da sala é 308.
Então peguei minhas
chaves do meu bolso e, ao abrir a porta me deparo com uma garota linda, ruiva,
olhos claros e sua pele era lisa, parecia ser muito macia. Suas curvas eram
perfeitas (sim, parece aquelas cenas de filme).
Eu fiquei surpreso.
Não tinha ideia do que fazer. Mas...
Quando ela me viu, ela
veio em minha direção, meu coração começou a disparar. Fiquei totalmente
imóvel. Então ela ficou na ponta dos seus pés e sussurrou no meu ouvido:
“...o dia está
chegando...”
Quando ela disse tal
coisa, senti um calafrio intenso, era como se aquelas palavras estivessem
cheias de sentimentos malignos.
Eu não sabia como
reagir e, enquanto ela se afastava, eu ficava ali, parado como um idiota...
O dia está chegando...
o que ela quis dizer com isso? E afinal quem era ela? Aaaaah!! O que acabou de
acontecer!?
Fiquei por cerca de
quinze à vinte minutos pensando sobre o que poderia ter acontecido. Mas não
tinha como nem tentar adivinhar...
"Que seja. Vou
deixar isso de lado por enquanto." -- Falei a mim mesmo.
Coloquei minhas coisas
na mesa e comecei a dar uma olhada no escritório.
Era um lugar bem
confortável. Tinha coisas que todo escritório têm como escrivaninhas, cadeiras,
computador... Tinha uma máquina de café também.
Era um escritóio bem
completo e os computadores eram bem potentes...
[...]
...espera aí!
Computadores? Escrivaninhas? Como assim?
E enquanto eu ficava
tentando entender tudo isso eu ouço um barulho.
*Knock*
Era o som de uma
batida na porta. Educadamente pedi que entrasse.
“Com licença... Sr. Tyrus?”
“Pois não?”
“Sou sua assistente,
Rose Ritter. Prazer em conhecê-lo e seja bem-vindo.”
Eu terei uma
assistente!? Incrível! Nem eu sabia disso.
E que bela assistente!
Ela é tão linda que mal consigo descrevê-la. Seus cabelos eram longos e a cor
deles era parecida com a do sol. Seu rosto era perfeito, seus olhos azuis
ficavam em perfeita sintônia com seus lábio carnudos.
Ei, ei! Seja educado e
responda a moça... mas o que eu respondo...?
“Igualmente."
Como assim igualmente?
Esse foi o máximo que pude dizer? Que patético!
"Bom, você me
pegou de surpresa. Não imaginei que teria uma assistente. Eu até estava
tentando entender o fato de existirem duas escrivaninhas e coisas do tipo.”
A respondi do modo
mais sincero possível.
“O Sr. White disse que
queria fazer uma surpresa. Eu irei lhe ajudar com o que for necessário já que o
senhor é novo na empresa.”
Foi isso o que ela
disse enquanto sorria para mim.
Que sorriso lindo!
“Muito obrigado! Espero que sejamos bons
amigos!”
Após essa pequena
introdução, ligamos nossos computadores e iniciamos nosso trabalho.
As tarefas eram bem
fáceis. Além de terminar todas as minhas tarefas, ajudei a Rose com alguns bugs no código de programação do seu
programa.
Cada gesto que ela
fazia era tão elegante que parecia que eu estava ao lado de uma princesa. Eu
não conseguia tirar os olhos dela! Era como se ela tivesse um ímã que puxasse
meu olhar para lá.
O que será que é isso.
Nenhuma mulher chegou a fazer isso comigo.
Após diversas horas de
trabalho, diversão e papo furado, estava na hora de ir para casa.
“Rose, estou indo para
casa, se quiser já pode ir também.”
Como eu já estava indo
para casa, não havia mais sentido ela ter que ficar ali sozinha.
“Sim, já estou
terminando de arrumar as coisas por aqui.”
“Ah Rose...”
Antes de ir, chamei a
atenção dela. Eu queria testar algo.
“Sim?”
“Você mora em direção
ao centro?”
“Sim. Moro uma rua
antes da avenida principal. Mas por que esta pergunta tão súbita?”
Ela me respondeu e me
fez uma pergunta enquanto ela guardava alguns papéis.
“É que eu também moro
pra lá então queria saber se quer companhia. Afinal já anoiteceu e fica
perigoso andar sozinha na rua.”
Antigamente eu não
teria coragem nem de perguntar esse tipo de coisa. Mas hoje agradeço ao Vitrus,
ele que me disse para sempre tentar. Acho que andar com o Vitrus não é uma má
ideia.
“Se o Sr. não se
importar, eu aceito a companhia”
Sim! Eu consegui.
Agora é só levar a conversa adiante.
Enquanto eu esperava
Rose arrumar os papéis, eu ficava observando-a. Ao meu ver, seus movimentos
eram suaves e calmos.
Ela ainda estava
sorrindo, mesmo após aquele longo dia de trabalho.
E então, nossos
olhares se cruzam. Eu rapidamente desvio o olhar mas obviamente volto a
observá-la. Vejo que seu rosto ficou um pouco vermelho. O que aconteceu?
Logo em seguida, Rose
terminou de arrumar tudo e enfim, saímos do prédio.
No caminho de volta
para casa, eu e Rose começamos a nos conhecer melhor. E como estávamos fora do
ambiente do trabalho, tivemos assuntos mais livres para discutir.
"... sim, na
faculdade eu venci alguns campeonatos, mas eu perdi em quase todos."
"Mas o senhor
parece ser tão inteligente, me ajudou em todos os meus problemas com os
programas. Para ganhar do senhor, essa pessoa deve ser um gênio."
Isso é porque a Rose
não conhece a Rydia.
"Infelizmente
você está enganada, Rose. A pessoa que me ganhou, se você conhecesse ela
pessoalmente tenho certeza que você teria outro pensamento."
Essa é a mais pura
verdade. Se ela conhecesse a Rydia, tenho certeza que não ia achar que ela é o
gênio que me ganhou doze vezes.
Eventualmente, após a
caminhada, chegamos em frente a casa da Rose.
Era uma casa azul bem
bonita. Não era tão grande. Provavelmente ela mora sozinha.
Enquanto eu olhava
para sua casa, Rose dizia:
“Bom, aqui é minha
casa. Acho que nos separaremos aqui.”
Ela falou isso
enquanto fazia uma cara de sono.
“Haha... vejo que você
está bem cansada. Bom, não irei tomar mais do seu tempo, pode ir.”
Após eu dizer isso,
Rose deu um sorriso.
Aquele sorriso foi a
coisa mais bonita que eu vi nos últimos anos. Eu senti um sentimento que eu não
havia experimentado antes. Acho que era amor... mas eu não sei se era amor.
Será que me apaixonei pela minha assistente?
“Boa noite,
Sr.Tyrus...”
“Por favor, pare de me
chamar de Sr. Isso faz parecer que sou velho. Apenas me chame de Sypher.”
“Tudo bem... Sy...
Sypher...”
Ela parecia meio
relutante enquanto dizia meu nome. Bom, ela é extremamente educada então
obviamente ela irá demorar um pouco até se acostumar com a ideia.
Depois de me despedir
de Rose, fui em direção a minha casa enquanto eu pensava no que aconteceu hoje.
As ruas estavam bem escuras e o ambiente estava bem sombrio. Parecia que tinha
alguém me vigiando.
Não dei tanta
importância e continuei a andar.
Sabe, meu dia foi
muito bom! As coisas estão dando certo para mim.
Enquanto eu caminhava
alegremente, eu sinto alguém agarrar meu pescoço por trás!
E quando a voz da
pessoa eu automaticamente entro em modo estratégico!
"Oi Sy! Te
assustei? "
Maldita Rydia, o que
ela tá fazendo a essa hora da noite na rua?
"Ei, ei. O que
você tá fazendo na rua a essa hora?"
Ela largou meu pescoço
e ficou em pé na minha frente.
"Eu fui assistir
um jogo de basquete! Eu nunca tinha visto um. É tão divertido!"
Hahaha!! Quem diria, a
Rydia indo a uma partida do Chicago Bulls.
Eu já assisti pelo
menos a umas trinta partidas. Afinal moro em Chicago, e praticamente do lado do
United Center.
Porém, o mais
interessante foi a Rydia ter ido a uma partida. Ela nunca gostou disso.
Tanto faz.
Eu dei um sorriso e
tentei puxar assunto com ela.
"Quer dizer que
você gostou?"
Ela, bem animada me
disse.
""Sim, sim!
Foi simplesmente incrível! Teve um cara do time de casa que fez um ponto no
último segundo! Foi bem legal "
Eu e ela fomos
conversando até chegarmos em casa.
Quando chegamos em
casa, Rydia foi tomar banho para ir dormir.
E eu tive que esperar
seu banho acabar para ir tomar o meu.
Mas o problema é que
ela demora demais no banho. Devido a isso, resolvo sentar para descansar um
pouco.
E quando eu sentei, o
sono me derrotou com apenas uma investida...
[...]
“Huh!? Onde eu estou?
Que lugar escuro é esse?”
Dessa vez eu estava em
lugar totalmente escuro, ontem àtarde eu estava em lugar totalmente branco.
Eu estava
completamente engolido pela escuridão. Eu não conseguia me mover, parecia que
algo estava me segurando.
Enquanto eu tentava me
libertar, uma espécie de canto surge da escuridão e chega aos meus ouvidos.
[...o dia chegou...]
[...os selos foram
abertos...]
[...os anjos
finalmente derramaram suas taças...]
[...o dia derradeiro
chegou...]
[...onde anjos e
demônios se enfrentarão...]
Eu não consigo
entender o que está acontecendo. Meu corpo começou a tremer sem parar. Fui
então começando a perder todos os sentidos.
Já não sentia meus
braços nem minhas pernas.
Não pude notar se havia
perdido a minha visão pois não havia nem ao menos uma partícula de luz nesse
ambiente escuro.
Já não conseguia mais
ouvir o cântico, e não conseguia me ouvir também. O desespero era tanto que nem
ao menos consegui gritar.
Comecei a ficar sem
ar. Não conseguia mais respirar, e assim, fui perdendo minha consciência, pouco
a pouco.
"Aaaaaaah!!!!!!"
Quando abro os olhos
me deparo com uma garota de cabelos cor de chocolate vestindo uma camisola
verde.
"Ei Sy! O que
houve?"
Rydia se inclinou para
frente e, nesse movimento seu rosto foi se aproximando lentamente do meu.
Mas ela não tinha
nenhuma intenção maliciosa, apenas estava preocupada.
"Sy? Você tá me
ouvindo?"
E a propósito que
sonho foi esse!? Eu estava em um lugar totalmente envolto em sombras. E... eu
ouvi a voz daquela ruiva...
Ela falou que o dia
chegou.
Olhei para o relógio e
eram 01:00 da manhã.
"Eu estou bem
Rydia, pode ficar tranquila. Só tive um pesadelo, nada de mais."
Falei isso enquanto a
distanciava.
"Haha! Sy teve um
pesadelo. Não se preocupe, eu estou aqui para te proteger."
Ela disse isso para
mim enquanto fazia um joinha com uma das mãos.
“Rydia, vá deitar, eu
irei tomar um banho agora. Amanhã tenho que ir para o trabalho e não quero me
atrasar.”
Fui subindo as escadas
enquanto falava com Rydia.
“Daqui a pouco irei.
Vou assistir um pouco de televisão.” – Disse ela.
Enquanto andava pelo
corredor pude ouvir o barulho da televisão. Ela estava assistindo algum filme, não consegui identificar.
Minha cabeça dói.
Aquele sonho foi muito estranho, era algo bem emblemático, um tanto bíblico...
‘onde anjos e demônios se enfrentarão’. É como se aquela ruiva estivesse
descrevendo o apocalipse. Hahahaha! Eu devo estar pensando demais nesses
pastores, melhor encher minha cabeça com alguma outra coisa.
E acima de tudo,
amanhã encontrarei aquela ruiva e tentarei tirar alguma satisfação. Ela não
pode simplesmente aparecer e me deixar confuso! Não mesmo!
Após vários
pensamentos envoltos em confusão durante o banho, Saio do banheiro e caminho em
direção ao meu quarto. Ao passar em frente ao quarto da minha mãe, ouço duas
vozes.
“... então o Sypher
desistiu dos jogos porque eu ganhei dele várias vezes?”
“Exatamente. Meu filho
não aguentava mais a ‘humilhação’ e decidiu parar de competir. Após essa
frustração, ele apenas se concentrou em estudar.”
As duas vozes eram da
Rydia e da minha mãe, respectivamente. Por algum motivo minha mãe está contando
sobre coisas do passado.
Como não vejo o por
quê de esconder algo, resolvo ir dormir, afinal, tenho um longo dia de trabalho
amanhã.
Parte 5:
Sexta-feira, treze horas, UnderWork.
Mais um dia de trabalho, na verdade, segundo dia de
trabalho.
Nesse momento estou mantendo o banco de dados
atualizado. Ainda não consegui encontrar a ruiva misteriosa. É como se ela tivesse
sumido, ou melhor, é como se ela nem tivesse existido.
“Rose, você pode segurar as pontas por aqui? Preciso
resolver algo.”
Eu necessitava encontrar esta ruiva!
“Sem problemas Sr- Sypher.”
Ah, Rose ainda não se acostumou em me chamar de
Sypher. Pude perceber que quase pronunciou um Sr. Tyrus.
Ao sair do meu escritório, eu não pude crêr no que
estava vendo. Era a ruiva. A mulher que eu estava a procurar. Apertei o passo
para poder me aproximar antes que ela escapasse, porém ela entrou no banheiro
feminino.
Fiquei esperando do lado de fora, até que ela
finalmente saiu. Segurei-a pelo braço e com uma voz cheia de angústia e de
baixo tom disse:
“Qual o significado das palavras que você me disse
quando eu cheguei aqui!? Como assim o dia chegou!? Me responda!”
Sua reação primária foi de surpresa, obviamente...
imagina você sair do banheiro e um cara te segurar pelo braço? Logo em seguida
ela olhou para mim com uma expressão de confusão.
“E-eu não sei o que
você está falando. Eu nunca vi você por aqui.” – Disse ela.
“Pare de brincadeiras!
Eu sei que você está mentindo. Por que você estava no meu escritório? Por que
plantou essa semente de discórdia em minha cabeça?”
Ela então, começou a
mexer seu braço, tentando se soltar. E eu, fui apertando seu braço com mais
força a cada segundo.
“Eu vou gritar se você
não me soltar. Eu não faço ideia quem você seja. E eu também não sei do que
você está falando.”
Para evitar algum tipo
de transtorno, decidi soltá-la. Ela então foi embora do local rapidamente. Ao
olhar em volta, vejo algumas pessoas olhando para mim. Provavelmente achando
que eu sou algum tipo de maluco, ou algum tipo de molestador.
“O que vocês estão
olhando?” – Perguntei, furioso.
A multidão começou a
se dissipar.
E novamente, mais um
enigma entra na minha lista. Como assim ela nunca me viu? Ela disse que nem
sabe do que eu estava falando. E pelo seu olhar pude perceber que ela estava
falando a verdade. A não ser que ela seja muito boa em esconder algo. Duvido
que ela fosse esconder o jogo, afinal ela veio e me disse aquilo sem medo
algum.
Tem algo acontecendo
aqui, e eu ainda não tenho nem ao menos uma pista inicial. Todos esses
acontecimentos enigmáticos... é como se acontecesse algo que virasse meus
pensamentos ao avesso. Graças à esses acontecimentos, não consigo nem dormir
direito a noite.
E a cada dia que
passa, sinto que algo de ruim está para acontecer.
Posso estar me
preocupando à toa. Pode ser apenas um brincadeira de mal gosto. É isso! Eu
estou apenas delirando! Não irá acontecer nada!
Botei minha mão atrás
do pescoço e soltei um suspiro.
“Eu realmente espero
que não seja nada.”
Então decidi voltar
para o meu escritório.
“S-Sypher... você
demorou. Pensei que não voltaria mais.”
“Achou que eu iria
fugir do trabalho é? Hahaha! Não se preocupe, isso nunca irá acontecer.”
Enquanto sorria, disse
isso para Rose. De repente, fiquei sério e fiz uma pergunta à ela.
“Rose, você conhece
aquela ruiva do setor D?”
Ela, sem desgrudar
seus olhos da tela do computador me respondeu.
“Sim. Ela é uma amiga
minha. Por que?”
“É que ela estava
aqui, ontem... e ela falou algo bem enigmático para mim. Estou até agora me
mordendo, tentando descobrir o que ela quis dizer... ela disse ‘o dia chegou’
ou algo parecido. Você sabe de alguma coisa?”
Quando ela ouviu o meu
depoimento, ela olhou para mim e respondeu.
“Não faço ideia. Já
tentou falar com ela?”
“Foi exatamente isso
que eu fui fazer agora pouco. Porém, não tive sucesso. Ela disse que nunca
havia me visto.”
“Infelizmente, não
posso lhe ajudar.” – Disse ela.
Fiquei ainda mais
pensativo após saber que nem Rose, amiga da tal ruiva, conhece sobre tal
assunto. Todos os fatos, aparentemente não tem ligação nenhuma.
Minha vida
simplesmente virou de cabeça para baixo tudo por causa...
... daquela ruiva.
À noite, tenho
pesadelos torturantes onde quem narra-os é...
... aquela ruiva.
Parece que tudo o que
posso pensar neste momento é nos cabelos vermelhos...
... daquela ruiva.
A chave... o pilar...
o sustentáculo... de tudo que irá acontecer daqui para frente é...
[...]
... aquela ruiva.
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