Pois é, as postagens demoram, mas no fim sempre saem! E é com grande felicidade que venho trazer para vocês, mais um capítulo de Valquíria!
Não vou me alongar muito, só lhes desejo uma ótima leitura, e que comentem e ajudem a história evoluir!
Até mais!
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Capítulo
V
––
Estás tão desesperada a ponto de inventar tamanha bobagem? –– O dragão ria
descontroladamente. –– Um minuto? Um golpe? Pare de tentar me fazer rir,
valquíria tola!
A
valquíria permaneceu calada, sem demonstrar qualquer emoção desde que fez a sua
afirmação para Fafnir. Qualquer demonstração de um simples sentimento, poderia
desconcentrá-la, fazendo-a arcar com consequências não tão bem-vindas.
––
E então, o que vai fazer agora? Acertar o “golpe”? Esperar um minuto? –– Fafnir
levantou voo, e avançou novamente em direção à Zero. –– Não tenho todo esse
tempo para gastar!
Os
olhos do dragão violeta brilharam. Uma quantidade absurda de energia passou a
se formar na boca da criatura; uma rajada de luz estava por vir.
20
segundos
Zero
desviou-se do ataque inicial. Enquanto ela se recuperava, Fafnir parou seu
avanço, dando meia volta. Por alguns instantes, parecia que ele estava batendo
em retirada. Pensamento que não durou muito, tendo em vista que Fafnir retornou
para mais uma rajada de luz.
Um
ataque muito mais poderoso estava vindo, porém, dessa vez Zero optou por
enfrentar o golpe cara-a-cara.
47
segundos
––
Resolveu lutar, Zero? Pena que você não tem Dainsleif para te proteger desta
vez! –– Avançou logo atrás da rajada de luz. –– Acabou, valquíria!
60
segundos
Subitamente,
Zero levantou o braço direito, de forma que sua mão bloqueasse o enorme golpe.
–– Urzustand!
Quando
o ataque violento do dragão violeta chegou a poucos metros de distância da
valquíria, toda a energia passou a se desintegrar. A enorme rajada tornou-se
uma fraca faísca, que nem ao menos encostou nela.
Fafnir,
que avançava rapidamente, freou o mais rápido que pôde.
––
Por Odin...?! –– Olhou para seu braço que outrora havia recebido um golpe da
valquíria: estava se desfazendo, partículas por partículas, exatamente como o
golpe de luz. –– Que bruxaria é essa, valquíria maldita! O que estás fazendo
com meu braço?! –– O desespero tomou conta do dragão, que agonizava de dor.
––
Você subestimou meu poder, Fafnir. Esqueceu o motivo pelo qual eu não ando com
outras valquírias, e principalmente, esqueceu que já se passou um minuto.
––
Pagará caro por isso, Zero! –– O efeito destruidor do golpe passara, porém,
Fafnir perdera um dos braços no processo.
Uma
aura branca passou a emanar da valquíria. Urzustand ainda estava em efeito.
Zero caminhava em direção ao dragão. Passos curtos, leves, mas aterrorizantes
para quem presenciava.
––
Urzustand.
Nada,
absolutamente nada, podia pará-la. O mais puro poder do caos, o elemento
primordial, preenchia o coração, a alma, e a mente da valquíria do infinito.
––
Você não consegue entender, não é? –– Em um piscar de olhos, Zero desapareceu,
como se tivesse sido varrida pelo vento, e então, reapareceu, flutuando, em
frente ao rosto de Fafnir. –– “Como ela pode ser tão poderosa?” –– Acariciou o
rosto do dragão. –– “O que está acontecendo?” –– O olhar ameaçador que Fafnir
carregava anteriormente, sumira, dando lugar ao mais sublime pavor. –– Vou te
contar uma coisa: existem perguntas que são melhores nunca serem respondidas.
O
rosto de Fafnir começou a se desintegrar. O dragão violeta, outrora tão
ameaçador, se desfazia em frente à valquíria.
––
Ska... –– Fafnir retornava para sua forma humana, enquanto tentava pronunciar
algo. As escamas deterioravam-se, transformando-se em partículas violetas, que
preenchiam o céu. O corpo que flutuava, passou a ir em direção ao chão assim
que as asas sumiram.
Apesar
do impacto, o corpo humano de Fafnir não sofreu danos. Entretanto, o caos
continuava a corroer seu corpo e sua alma. Zero desceu calmamente até o corpo
do dragão.
––
O que queres dizer, dragão? –– Zero ajoelhou-se, tentando ouvir o suspiro de
Fafnir. Em vão.
Em
poucos segundos, o restante de Fafnir virara partículas violetas, que vagariam
pela eternidade. Esse era o destino de todos que encontrassem o enorme poder de
Urzustand.
––
Que tua alma vague pelo infinito caos, e
que talvez, encontre a tua redenção.
A
valquíria sussurrava, enquanto olhava para o céu violeta.
***
O
estalar de ossos sempre foi um som maravilhoso para Hel, e felizmente, para
ela, era um som constante em seu reino.
Nem
todos os que morrem são encaminhados para trabalharem com os Aesirs, e por
isso, acabam caindo no temível reino de Helheim. Florestas secas e sem vida
preenchiam a maior parte do território, que era cercado por cadeias de
montanhas de rochas primordiais–– rochas infundidas de caos.
Bem
ao centro de Helheim, encontrava-se o enorme Meer des Todes, um extenso mar. O
sangue substituía a água pura, e almas cruéis tomavam os lugares dos peixes.
Histórias criadas pelos povos de Midgard diziam que os homens que
desrespeitassem os deuses, cairiam em desgraça e afundariam suas almas nas
águas sangrentas de Meer des Todes. As histórias talvez não fossem totalmente
verídicas, mas uma coisa era certa: Hel sempre gostou de ver almas afogadas no
terrível mar sangrento.
Por
fim, no extremo norte do reino dos mortos, existia um imponente castelo de
ossos, lar da rainha da morte e filha direta de Loki, Hel. Enormes esqueletos de
dragões, magicamente vivos, sobrevoavam o castelo sombrio, protegendo cada
centímetro das paredes de ossos.
Em
um dos corredores, um homem caminhava apressadamente, em direção à sala do
trono. Trajava uma armadura vermelha, repleta de detalhes negros. No peitoral,
um dragão marcava a armadura, e seu elmo lembrava a cabeça da fera.
Cruzou
o comprido corredor com facilidade. Já estava acostumado em ter de chegar às
pressas para encontrar-se com a rainha da morte. Alguns diziam que ele sempre
ia de encontro com a morte, algo que de certa forma não deixava de ser real.
A
sala do trono era escura, e como todo o restante do castelo, era feita de
ossos. Tochas de fogo roxo iluminavam o ambiente, porém não totalmente. Ao
fundo da sala, logo após alguns degraus, encontrava-se o trono de Helheim, uma
cadeira composta de carne podre e sangue fresco. Um verdadeiro horror para
muitos.
Hel
sentava-se no trono, de pernas cruzadas e cotovelo apoiado em um dos braços do
trono. Trajava um vestido negro e comprido, com bordados dourados na cintura e
em toda parte de baixo. Um colar de dente de dragão pendia em seu pescoço fino.
Ao
lado da rainha dos mortos, um gigante feito de pedra mantinha-se de pé, imóvel.
Cristais rosas estavam cravados em lugares aparentemente aleatórios em todo o
corpo do gigante. Sempre que qualquer coisa chegasse perto demais de Hel, o
gigante neutralizaria a ameaça em pouco segundos.
Assim
que chegou o cavaleiro se ajoelhou, prestando seu respeito à rainha do
submundo. Os cristais do gigante brilharam, porém o mesmo manteve-se imóvel.
––
Minha rainha. –– disse o cavaleiro, levantando-se. –– Munin e Hugin trouxeram
notícias do senhor seu avô.
––
Creio que seja sobre minha aliança com Loki? –– Passou a mão direita em seus
cabelos brancos, acariciando-os. –– Não tenho mais nada a discutir sobre isso.
Odin
já tentara convencer Hel de desistir da sua aliança com seu irmão. Atos que
foram em vão, tendo em vista a capacidade de manipulação de Loki, aliada a
mente fraca e bem influenciável da rainha da morte. Bastou apenas uma conversa
com seu pai, Loki, para que ela se aliasse a sua causa. Venha comigo e eu lhe darei almas para o resto da eternidade. Apenas
essa simples frase foi o suficiente para que Hel se voltasse contra seu avô.
––
Não, minha senhora, os corvos trouxeram notícias não tão agradáveis. –– Retirou
um rolo de papel de uma bolsa que carregava na cintura. –– É uma mensagem de
Odin, como pode ver pelo selo.
Hel
fez um gesto com a mão, e um portal abriu-se frente ao rolo de papel e à sua
mão. Colocou sua mão por dentro do portal e alcançou a frágil mensagem.
––
Veremos o que temos aqui... –– Passou a mão sobre o selo, desfazendo-o, e então
desenrolou o papel. –– “Zero.”. Só
isso? Pensei que ele estava finalmente me tratando como uma ameaça séria! Mas
obviamente, ele me manda uma carta ridícula, com apenas uma palavra escrita, e
que não faz o menor sentido. –– Amassou a carta, e depois transformou-a em pó.
O aborrecimento era claro no rosto de Hel, há muito que se queixava da falta de
atenção.
O
cavaleiro da armadura vermelha, ao ouvir o conteúdo da carta, arregalou os
olhos, aparentemente surpreso. Todos já ouviram aquele nome, ainda mais os
grandes cavaleiros. Tentou avisar Hel.
––
Minha rainha –– Começou. ––, o conteúdo dessa carta não é uma simples brincadeira
de Odin. O que está escrito nessa carta, é um nome de uma valquíria.
––
Ah, quer dizer que eu devo me borrar de medo só porque é um nome de uma frágil
valquíria? Meu avô sempre as tratou como guerreiras, mas não são mais que
simples ferramentas fracas. –– Brincava com labaredas de fogo roxo criadas com
as pontas de seus dedos.
Percebendo
que Hel não dava a mínima por ela ser uma valquíria, o cavaleiro decidiu mostrar
ao invés de simplesmente falar. De dentro da sua pequena bolsa amarrada à
cintura, ele retirou um pequeno espelho. Era um aparato de comunicação pouco
utilizado, nem mesmo Hel tinha um.
––
Peço que veja então o que ela é capaz de fazer, vossa majestade. –– Imagens se
formavam no espelho. Era a batalha de Zero contra Fafnir que havia recém-acontecido.
–– Perceba como ela acabou com Fafnir com apenas um golpe.
Hel
analisava cuidadosamente as imagens, e por mais que as repetisse, não conseguia
entender como uma valquíria fez tudo aquilo. Foi quando o cavaleiro interviu
novamente.
––
Ela possui o Coração do Caos. Um artefato milenar, retirado do próprio corpo de
Ymir, ou seja, é o próprio coração do primeiro ser do universo.
A
rainha da morte apagou as labaredas instantaneamente. Uma expressão sombria, porém
curiosa tomou conta dela. Ela queria, precisava saber de onde ela conseguiu tal
artefato.
––
O Coração do Lorde Ymir... –– Levantou do trono. –– Acredito que ele gostaria
de recebe-lo de volta quando retornasse.
––
Mas vossa majestade, enfrentar essa valquíria sozinha não-
––
Silêncio, Tqir. Ninguém falou que irei enfrenta-la sozinha. Quero que vá e
convoque Sigfried, e Shannis. Nem mesmo o Coração do Caos é páreo para a força
de vocês três e a minha inteligência.
––
Sim, minha rainha. –– Tqir prestou reverencia à rainha e deixou a sala do
trono.
––
Rautar. –– O gigante de pedra se moveu, e os cristais brilharam. –– Quero que
siga Tqir, não confio nele como antes.
Com
um gesto que lembrava vagamente uma reverencia, o gigante Rautar desapareceu,
de repente, nas sombras.
––
O que você realmente quer, Tqir? –– Perguntou a si mesma, enquanto sentava no
seu trono, ouvindo o estalar de ossos e os gritos das almas castigadas.
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